Alegando sobrecarga, neurocirurgiões da Santa Casa pedem mais profissionais

Ciente da exigência, o hospital beneficente da Capital pediu aditivo financeiro para a Secretaria Municipal de Saúde

A Santa Casa de Campo Grande é considerada referência em neurocirurgia no Estado, mas equipe de 7 profissionais ameaça demissão –
GERSON OLIVEIRA

Os neurocirurgiões da Santa Casa de Campo Grande ontem se reuniram com a diretoria do hospital e reivindicaram melhorias no setor, em razão da sobrecarga de trabalho.

Atualmente, a equipe de cirurgiões da área no hospital é formada por sete profissionais. A neurocirurgia lida com procedimentos no sistema nervoso central, que abrange cérebro, coluna e suas ramificações.

Os médicos pedem a contratação de mais neurocirurgiões para acabar com a atual sobrecarga de trabalho no atendimento a pacientes na Santa Casa. Os profissionais também requereram reajuste contratual e aquisição de novos implementos e materiais para o setor, como insumos para as salas de operação.

Um movimento de encerramento de contratos pode ser realizado hoje, caso a Santa Casa, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), não realize um acordo que melhore as condições de trabalho dos neurocirurgiões, com a contratação de novos médicos para o setor.

No dia 6, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) foi acionado e, em reunião com representantes da Secretaria de Estado de Saúde (SES), da Sesau, da Santa Casa e do Conselho Regional de Medicina (CRM) com aos médicos neurocirurgiões, foi realizada uma tentativa de acordo, para priorizar a manutenção dos serviços de neurocirurgia no hospital.

Na ocasião, a Santa Casa solicitou que os neurocirurgiões mantivessem suas atividades regulares até o dia 19 de junho, prazo final das negociações propostas no encontro, especialmente o aumento do número de profissionais para compor a equipe do setor.

Durante a reunião, o serviço de neurocirurgia da Santa Casa concordou em manter suas atividades regulares até o prazo determinado para a finalização das negociações. Ainda na reunião, a equipe de médicos já havia informado que, caso não houvesse acordo, deixaria o corpo clínico da Santa Casa, o que pode ocorrer nesta terça-feira.

SANTA CASA

Em nota, a Santa Casa informou que está fazendo trabalhando para impedir a paralisação do serviço de neurocirurgia. 

“Informamos que fizemos tudo o que estava dentro de nossa alçada para atender às demandas dos profissionais e da população. No dia 9 de junho, enviamos um ofício à Sesau, pedindo um complemento a título de incentivo na produção cirúrgica. Também solicitamos a disponibilização de mais três profissionais neurocirurgiões, alcançando o número de 10 médicos atendendo no serviço. Até o momento, não tivemos uma resposta”, informou o hospital.

Com relação à reunião interna do diretor técnico do hospital, William Leite Lemos Júnior, com a equipe de neurocirurgiões que tratava sobre a reivindicação dos médicos, o hospital não informou o que foi acordado entre as partes até o fechamento desta edição.

SESAU

A Secretaria Municipal de Saúde da Capital informou, em nota, ao Correio do Estado que é sensível á dificuldade encontrada pelo hospital na contratualização de neurocirurgiões.

“Fica sob responsabilidade do prestador a garantia dos serviços oferecidos e contratualizados, desta forma, a Sesau aguarda reunião entre o hospital e a categoria para que a situação seja regularizada. Cabe ressaltar ainda que o município tem contrato vigente com o hospital até o fim de julho, desta forma, não é possível aumentar o repasse destinado à Santa Casa por parte da prefeitura, a não ser por meio de aditivos, que foi o que aconteceu no mês de abril, quando o contrato, por meio do aditivo de mais de R$ 1 milhão, passou de R$ 24 milhões para R$ 26 milhões”, disse a Sesau, em nota.

A secretaria reforçou que a contratação de médicos é responsabilidade do hospital, não sendo de competência da Sesau realizar negociação com a categoria. 

A Secretaria Municipal de Saúde ressaltou que está á disposição do hospital para tentar solucionar a situação o mais rapidamente possível, inclusive reforçando o quadro médico na área com a cedência de profissionais para atuar no local.

SUPERLOTAÇÃO

Em maio deste ano, a Santa Casa de Campo Grande informou que os atendimentos aos pacientes estavam em situação crítica. De acordo com o hospital, nove leitos já haviam sido alocados na recepção do centro cirúrgico e outros nove na parte interna. 

A situação é tão crítica que alguns pacientes estão sendo atendidos nos corredores do hospital. Segundo a Santa Casa, apenas os pacientes que aguardam leitos de enfermaria estão nessa situação.

Ainda conforme informado pela Santa Casa, a administração do hospital havia enviado um ofício para a Sesau informando sobre a superlotação e solicitando apoio para desviar o fluxo de pacientes da unidade.
“Internamente, a diretoria técnica do hospital tenta acelerar as altas dos internados para não entrar em ponto de colapso. A possibilidade de restrição total do serviço de atendimento está sendo analisada pela Santa Casa”, declarou, em nota.

De acordo com a Sesau, cerca de 120 pacientes são encaminhados por dia para os hospitais públicos de Campo Grande, vindos de unidades de saúde 24 horas.

A Sesau afirmou que, apesar do anúncio da Santa Casa, “todos os pacientes que necessitam de encaminhamento estão sendo transferidos dentro do que é pactuado com o hospital, assim como para as demais unidades hospitalares contratualizadas, como o Hospital Universitário e o Hospital Regional”.

SAIBA

Além da Santa Casa de Campo Grande, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) e o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) também têm à disposição o serviço de neurocirurgiões de atendimento clínico pelo SUS.

Fonte: Agência de Notícias