Amorim chega à Venezuela para reuniões com ministro de Maduro e observadores internacionais

Primeiro encontro previsto é com o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil

Foto: ANDRE VIOLATTI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O assessor internacional do presidente Lula, Celso Amorim, desembarca nesta sexta-feira (26) em Caracas, na Venezuela, com um plano de, até domingo, colher impressões e relatos sobre o processo eleitoral no país para auxiliar o Palácio do Planalto a se posicionar após a divulgação do resultado.

O primeiro encontro previsto é com o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil.

A visita é considerada um protocolo diplomático: pela função que exerce no Brasil, é aconselhável que Amorim, quando desembarca em outro país, procure o representante máximo da diplomacia local.

A expectativa é de que essa reunião ocorra ainda nesta sexta-feira, a depender do horário em que Amorim chegue em Caracas.

A previsão inicial é que ele chegue ao país no final do dia.

No sábado, a ideia é que ele se reúna com os dois principais observadores internacionais do processo eleitoral na Venezuela: o Carter Center, organização pró-democracia fundada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter; e representantes da ONU que também estão no local.

Também estão no plano conversas com representantes das onze candidaturas que disputarão a eleição no domingo.

No dia da eleição, a ideia é circular pelos colégios eleitorais, mas fontes diplomáticas brasileiras ressaltaram à CNN que o trabalho de Amorim e da diplomacia brasileira não será de investigar a lisura das urnas, tampouco de chancelar a eleição, mas montar um quadro para orientar como o presidente Lula deve se portar após a divulgação do resultado.

Como a CNN mostrou nesta semana, o governo brasileiro só pretende se posicionar sobre o resultado quando tiver segurança sobre ele.

Dois pontos foram frisados a CNN por representantes do Itamaraty. A começar pelo percentual de presença dos eleitores no domingo, que é um dado importante a ser analisado pela diplomacia brasileira, uma vez que o voto não é obrigatório. Por isso, uma eventual participação em massa do eleitorado é um indicativo da força da eleição; algo será considerado na análise final.

Outro dado a ser colhido é a posição que outro importante país vizinho terá, como Colômbia, e outros países próximos da América do Sul, como Equador, Chile, Bolívia e Peru.

Interlocutores do presidente Lula apontaram à CNN três motivos pelos quais o governo considera essencial a estabilidade política na Venezuela, que justifica a ida do seu principal assessor para acompanhar as eleições deste domingo:

  1. A crise na Venezuela impede o projeto prioritário da política externa brasileira de integração regional. Países com lideranças conservadoras rejeitam a interlocução e sentarem a mesa com a Venezuela;
  2.  A crise na Venezuela fez com que pelo menos 500 mil venezuelanos entrassem no Brasil em busca de refúgio nos últimos anos. Roraima, o estado que faz divisa com o país, contabiliza onze acampamentos com venezuelanos;
  3. Os 2.200 km de fronteira com o Brasil, com atividades de garimpo ilegal e povos yanomamis em ambos os lados. Sem um país concentrado em atuar nessa fronteira em cooperação com o Brasil o crime avança e atividade ilegal também.
  • fonte: CNN