Campo Grande conseguiu zerar o número de pacientes que estavam intubados em unidades de pronto atendimento (UPAs). Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), em março, pico da pandemia até aqui, a cidade chegou a ter 27 pessoas ligadas a um respirador mecânico nesses locais à espera de uma vaga em hospitais.
Já até a semana passada, a média diária era de 20 pessoas em ventilação mecânica nas UPAs, mas o número conseguiu ser reduzido e chegar a zero com o aumento das vagas de unidades de terapia intensiva (UTIs) nos hospitais.
A situação é um pequeno alívio para a situação de caos que a saúde do município vivia, com dificuldade em encontrar leitos para pacientes graves.
A fila de espera pela internação, no entanto, continua, assim como a ocupação acima da capacidade nos hospitais.
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Ontem, de acordo com dados divulgados pelo governo do Estado, na Central de Regulação da Capital, 52 pessoas esperavam por um leito – 38 eram moradores de Campo Grande. Já na Central de Regulação de Dourados eram nove pessoas na espera; na Central de Regulação do Estado (Core), 19 doentes aguardavam.
“Nós tínhamos há poucos dias 180 pessoas na lista de espera por um leito, em que 120 era só de Campo Grande e a maioria com suspeita de Covid-19. Infelizmente, a gente sabe que as vagas que surgem são oriundas de óbitos, mas esses dados mostram que já há uma descompressão no sistema que estava completamente pressionado”, avaliou o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geraldo Resende.
Segundo o secretário, a situação pode ser melhor em maio, com uma situação mais confortável nos hospitais.
“Se a população colaborar, deveremos ter dias melhores, torço para que isso aconteça e torço para que as vacinas cheguem, que é a forma de resolvermos de vez essa pandemia”, completou Resende.
MEDIDAS
Para a Sesau, essa redução nas internações nas UPAs são frutos das medidas restritivas aplicadas no mês passado, com fechamento do comércio e limitação da circulação da população.
“O município registrou uma redução significativa no número de pacientes aguardando vaga de leitos nas unidades de urgência e emergência, ou seja, nas seis UPAs e quatro CRSs. Desde a semana passada, Campo Grande mantém zerado o número de pacientes intubados aguardando transferência nas unidades. A Sesau avalia que essa redução é reflexo das medidas restritivas adotadas pelo município”, diz trecho de nota.
A prefeitura também destaca os leitos que foram ampliados em alguns hospitais da Capital, para conseguir atender a população.
“Também o trabalho de estruturação na rede hospitalar, por meio do remanejamento e abertura de mais leitos clínicos e de UTI para atendimento da população. Desde o início da pandemia, março de 2020, o município triplicou o número de leitos de UTI, saindo de 116 para os atuais 337 contratualizados na rede pública, privada e particular. Todos os esforços vêm sendo feitos para assegurar uma assistência adequada à população”.
SUPERLOTADOS
Por outro lado, os principais hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) continuam estrangulados. No Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, referência para o atendimento de pacientes da Covid-19 e que tem recebido apenas pessoas com a doença, 12 pessoas estavam internadas na área vermelha do pronto socorro da unidade à espera de encaminhamento para leitos no local.
Todas as 120 vagas para pessoas com Covid-19 em leitos críticos do Regional estavam ocupadas ontem. Outras 114 pessoas estavam internadas na enfermaria, 90 de casos confirmados e outros 24 de suspeitos. A ocupação da unidade era de 110%, ou seja, tinham mais pessoas no hospital que sua capacidade.
Ainda segundo a unidade médica, desde o dia 8 de março o Hospital Regional trabalha acima de sua capacidade.
Em situação ainda pior estava a Santa Casa de Campo Grande, maior hospital do Estado. De acordo com a unidade, ontem, entre as internações, o local estava com 47 pacientes acima da capacidade técnica.
“Na área vermelha do Pronto-socorro há 12 pacientes, sendo cinco deles em ventilação mecânica. Vale ressaltar que capacidade para atendimento nesta sala de estabilização é de seis pacientes graves. Na área verde há 47 pacientes, e destes 23 estão internados aguardando vaga nas enfermarias. A capacidade no setor também é de seis leitos”, informou a Santa Casa, que destacou que, desde as 0h01min de ontem até o fim da tarde, o hospital havia recebido 73 pacientes em vaga zero, ou seja, com prioridade no atendimento.
O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian informou que também está com 100% na ocupação de todos os setores da unidade.
- Fonte: Correio do Estado