A prática do ciclismo cresceu durante a pandemia da Covid-19 porque o exercício é feito ao ar livre, diminuindo o risco de contaminação
A pandemia do coronavírus modificou diversos comportamentos na sociedade, como a prática da atividade física, que era feita preferencialmente em ambientes fechados.
Porém, o risco de contaminação em locais pouco ventilados alavancou os exercícios ao ar livre, como o ciclismo, que agora ocupa o topo da preferência por conta dos benefícios para a saúde, inclusive para as mulheres.
A jornalista e atendimento de contas Jéssika Corrêa foi uma dessas mulheres que começaram no ciclismo durante a pandemia.
“Decidi começar a pedalar porque sempre quis fazer uma atividade física ao ar livre que fosse um misto de desafio, superação e liberdade.
Como estava treinando em casa, foi a maneira que encontrei de poder sair”, comenta.
Para Jéssika, o mais importante para iniciar na bike é ter vontade e se informar, principalmente com quem já pedala.
“O preço de bikes, equipamentos e acessórios está muito alto, principalmente porque a procura cresceu muito, mas não precisa investir tanto logo no começo, e sim comprar uma bicicleta básica e ver se vai curtir o esporte, se vai se adaptar. Foi o que eu fiz, depois de uns seis meses, troquei por uma bike de performance e comecei a me equipar mais”, aconselha.
Em relação à proteção contra o coronavírus, para o médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP Fernando Bellíssimo Rodrigues, o ciclismo foi uma boa alternativa durante a pandemia.
“É um excelente exercício para ser feito durante a pandemia, já que, normalmente, é realizado ao ar livre e de maneira individual. Mas mesmo que seja feito de maneira coletiva, a possibilidade de transmissão dessa doença [Covid-19] ao ar livre é muito remota”, explica.
Crescimento
O aumento no número de adeptos do ciclismo foi evidenciado nas vendas e até mesmo na falta de peças e de acessórios no mercado.
Segundo dados da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), em 2020 houve um crescimento de 118% nas vendas de bicicletas em relação ao ano anterior.
Pesquisa realizada pela plataforma de vendas Semexe mostrou que 89% dos esportistas ouvidos acreditam que pedalar ao ar livre é mais seguro que exercícios na academia, e 72% pretendem incorporar mais vezes a bicicleta como atividade de lazer na sua rotina mesmo após serem vacinados.
O empresário José Cassiano, proprietário da loja especializada Smart Bike, em Campo Grande, estima um aumento em torno de 30% nas vendas da loja durante os anos de 2020 e 2021, principalmente para bicicletas de entrada, itens de segurança e acessórios essenciais para quem está começando na prática do esporte, como capacetes, luvas e luzes de sinalização.
“Hoje o público masculino ainda predomina, mas notamos um grande aumento de mulheres iniciando no esporte”, afirma Cassiano. O mesmo aumento foi notado pelo comerciante, ciclista e comunicador do esporte Anderson Fabricio Moraes.
“As mulheres cresceram significativamente, a gente percebe isso dentro dos eventos, nos pedais, nos passeios, nas redes sociais, enquanto um ou dois homens começam a pedalar, oito/nove/dez mulheres iniciam no esporte. As mulheres têm conquistado seu espaço no esporte e em várias áreas, e no ciclismo não é diferente”, reforça.
Para Anderson, a pandemia trouxe um novo perfil para o ciclismo, de pessoas oriundas de outras modalidades, como musculação e futebol.
“Pessoas que a gente jamais imaginou que gostariam de pedalar hoje descobriram a bike e estão evoluindo na prática”, completa.
Para ele, o mais importante é começar a pedalar pensando na saúde, e aos poucos ir evoluindo para novas marcas e até para participar de competições, como a Bonito 21K, que será realizada em Bonito entre os dias 03 e 05 de dezembro.
“O mais importante é começar, depois disso acho que é um processo natural até você ir se encontrando nesse mundo da bike, descobrindo a que tribo você vai pertencer dentro do ciclismo”, frisa.
PROVAS
Esse movimento expressivo resultou até na criação de provas específicas para quem curte pedalar, como ciclismo de estrada, praticado no asfalto, com foco na velocidade, e mountain bike, em trilhas que superam obstáculos em meio à natureza.
“O ciclismo é uma modalidade que cresceu muito no período da pandemia, no Brasil e também no exterior, o que nos fez em 2020 tirar do papel a ideia de realizar essa nova modalidade no evento”, completa Kassilene Cardadeiro, organizadora da prova Bonito 21K.
“A nossa prova é na categoria ciclismo de estrada, com 50 e 121 quilômetros, mas neste ano também teremos uma categoria específica para MTB [mountain bike], prestigiando os atletas desse segmento que participaram conosco no ano passado”, finaliza.
- fonte: Correio do Estado