Para parlamentares ligados às igrejas neopentecostais, polarização entre Lula e Bolsonaro não deve influenciar sua base de eleitores
O grupo de parlamentares ligados a religiões protestantes ou neopentecostais, a bancada evangélica, que em sua maioria é composta por pastores, é um dos mais importantes e representativos no Legislativo brasileiro.
Em Mato Grosso do Sul não é diferente: na Assembleia Legislativa, dos 24 parlamentares que compõem a Casa três estão diretamente ligados a este segmento: Antonio Vaz (Republicanos), Herculano Borges (Solidariedade) e Rinaldo Modesto (PSDB), entre outros, mantêm assessores ou cabos eleitorais ligados ao grupo.
Em 2022, essa bancada pode aumentar, pois existem diversos vereadores nas Câmaras Municipais que podem se viabilizar a uma vaga no Legislativo estadual. Por exemplo, na Capital, três vereadores são pastores e, consequentemente, carregam com eles pautas conservadoras, muito caras aos evangélicos.
A bancada é composta pelos vereadores Clodoilson Pires (Podemos), Gilmar da Cruz (Republicanos) e Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (Solidariedade).
No entanto, a volta da polarização mais intensificada entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que reobteve seus direitos políticos após a suspeição dos processos contra ele no âmbito da Lava Jato, pode atrapalhar o crescimento da bancada, como ocorreu nos últimos anos.
Os eleitores de esquerda, centro-esquerda e centro têm uma certa resistência em apostar em políticos que, segundo eles, defendem a religião, mas não o bojo da sociedade.
Embora muitos caiam nesse senso comum, algumas figuras que fogem desse estereótipo afirmam que o grupo é composto por diversas perspectivas ideológicas. Um desses políticos é o deputado Rinaldo Modesto (PSDB), que adota um tom mais pragmático ao se posicionar contra ou a favor de algum dos dois polos políticos.
Para ele, mesmo sendo evangélico, seu papel é defender os interesses de todos os sul-mato-grossenses, independentemente de suas crenças.
“Acredito que mesmo com a polarização na bancada, os cristãos continuarão tendo força nas Casas de Leis de todo o País, pois diversas pautas defendidas por ela vão de encontro a uma parcela da sociedade brasileira. No entanto, o trabalho do poder público é representar a população, buscando sempre o equilíbrio e o diálogo em todos os segmentos, sem distinção de crenças”, analisou.
Contraponto
Já Herculano Borges, ao contrário de seu colega parlamentar, analisa que os evangélicos não perderão força nas casas legislativas, principalmente de Mato Grosso do Sul, pois defendem pautas conservadoras que são as mesmas de boa parcela do eleitorado estadual.
“Creio que a representatividade do segmento evangélico sempre terá espaço de destaque nos parlamentos brasileiros, principalmente nos dias atuais, quando é necessário um maior enfrentamento das pautas contrárias à vida, à família e aos valores cristãos, como, por exemplo, nas questões relacionadas à ideologia de gênero, legalização do aborto e liberação da maconha”, disse.
Câmara da Capital
Para o vereador e pastor Papy, um dos principais líderes da bancada religiosa em Campo Grande, independentemente de os polos políticos hoje concentrarem todas as suas atenções ao seu entorno, as candidaturas cristãs evangélicas terão novamente sucesso, formando grandes bancadas.
“Pois os componentes delas nem sempre estão alinhados a partidos políticos ou projetos majoritários, e sim alinhados aos princípios e aos valores das bandeiras do segmento”.
“A expectativa é sempre de aumento da bancada evangélica, trabalhamos para isso. Importante dizer, também, que o parlamentar cristão não exerce apenas uma bandeira no parlamento e na eleição recebe votos e apoios de outros segmentos diversos. Porém, na atuação de votações sempre estão unidos na defesa dos valores cristãos e da liberdade religiosa no País”, explicou.
Ele ainda revelou ao Correio do Estado que pretende concorrer ao cargo de deputado federal, pois entende que no Congresso Nacional é onde as bandeiras mais conservadoras são discutidas com mais ênfase.
“Ainda não está definido, mas tudo indica que eu disputarei uma cadeira de deputado federal, pois tenho me preparado para isso. Pensando em bancada evangélica, Brasília é onde se discute as principais pautas, e me vejo preparado para defender lá nossas bandeiras”, sinalizou.
E finalizou “os cristãos continuarão tendo força nas Casas de Leis de todo o País, pois diversas pautas defendidas por ela [bancada evangélica] vão de encontro a uma parcela da sociedade brasileira”.
- fonte: Correio do Estado