A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informou que o ex-mandatário permaneceu em silêncio durante o depoimento na Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (22), em Brasília. À imprensa, o advogado Paulo Cunha Bueno afirmou que não obteve acesso as autos do inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro foi alvo da operação Tempus Veritatis, desencadeada pela Polícia Federal no âmbito das investigações da suposta tentativa de golpe de Estado alegada pelo STF.
“O presidente já saiu, fez uso do silêncio conforme a defesa antecipou. Esse silêncio, quero deixar claro, não é simplesmente o uso do exercício constitucional silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos pelos quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos”, disse Bueno.
Ele também disse que a falta de acesso à delação de Mauro Cid também motivou o silêncio do ex-presidente.
“A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações do tenente-coronel Mauro Cid e as mídias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores, impedem que a defesa tenha um mínimo conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado a esse depoimento”, acrescentou.
Segundo a Polícia Federal, informações reveladas pelo acordo de delação de Cid foram confirmadas com outras provas no sentido de que houve reuniões com o ex-presidente para tratar de um suposto golpe.
Além de Bolsonaro, foram ouvidos os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Mário Fernandes (Secretaria-Geral da Presidência), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Casa Civil), além de militares e políticos, como o coronel Marcelo Costa Câmara, o almirante Almir Garnier, o coronel Cleverson Ney Magalhães, o ex-assessor Tércio Arnaud e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entre outros.
O advogado Fabio Wajngarten, que também faz a defesa do ex-presidente, informou que pediu ao ministro Luiz Fux que não apreciasse o habeas corpus impetrado pelo advogado Jeffrey Chiquini para garantir que o ex-presidente possa participar da manifestação do domingo (25).
“A defesa do presidente, a defesa técnica, a defesa que tem subestabelecimento de procuração, que tem procuração nos autos, acaba de ingressar no STF referente ao habeas corpus que um advogado protocolou sem estar devidamente constituído nos autos, pedindo que o ministro Fux não apreciasse referido ao habeas corpus referente à participação do presidente Bolsonaro na manifestação de domingo”, disse Wajngarten à imprensa.