Brasil é protagonista na agenda climática e vai liderar COP30 pelo exemplo, afirma Marina Silva

Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima fala das ações do Governo Federal para reduzir o desmatamento e queimadas, busca de recursos e metas que vão ser apresentadas pelo país durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que ocorre em novembro em Belém, no Pará

Foto: Reprodução Canal Gov

O Brasil vai apresentar durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre em novembro em Belém, no Pará, ações já realizadas e metas ambiciosas para reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Entrevistada no programa Bom Dia, Ministra desta quarta-feira (19/03), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o Brasil vai liderar a COP30 pelo exemplo.

“O Brasil tem insistido muito desde 2003, quando eu fui ministra pela primeira vez, que é a decisão de liderar pelo exemplo. Hoje, a gente precisa mais do que falar, fazer. Por isso que já no primeiro governo do presidente Lula nós fizemos o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia, que nos primeiros governos reduziu o desmatamento em 83%, evitou lançar 5 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera e foi responsável por 80% das unidades de proteção criadas de 2003 a 2008. É uma grande contribuição que foi dada. Esse plano, ele foi abandonado no governo Bolsonaro, o desmatamento ficou fora de controle, mas assim que o presidente Lula assumiu, a ordem foi retomar o Fundo Amazônia, retomar o PPCDAM ( Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal) não mais só para a Amazônia, mas para todos os biomas brasileiros”, afirmou a ministra

Como resultado desta retomada, os alertas de desmatamento na Amazônia atingiram o menor índice para o mês de fevereiro, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram registrados 80,95 km² de áreas desmatadas no mês em 2025, uma queda de 64,26% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram detectados 226,51 km² de desmatamento.

Marina Silva também citou as quedas de 46% no desmatamento da Amazônia na comparação com 2022, de 47% no Cerrado, comparado a 2023. Os planos Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento para o Pantanal (PPPantanal) e a Caatinga (PPCaatinga) foram divulgados em dezembro de 2024, e o governo trabalha para apresentar os planos para a Mata Atlântica e o Pampa em abril.

Durante a COP30, o Brasil também vai apresentar a meta ambiciosa de reduzir em 67% as emissões de CO2 do Brasil até 2035

“E isso não é algo que é apenas um anúncio genérico, nós temos metas para todos os setores da nossa economia, para transporte, energia, indústria, agricultura, desmatamento. Nós vamos chegar na COP também com uma agenda robusta na área de adaptação, já temos nas obras do PAC investimentos na área de encostas, na área de drenagem, uma série de ações. E estamos também chegando com o nosso Plano Clima, que são oito programas na parte de mitigação, 16 programas na parte de adaptação e o Plano de Transformação Ecológica, liderado pelo Ministério da Fazenda, onde não só temos o plano, mas já buscamos os recursos”, disse a ministra, citando o aporte de R$ 10 bilhões no Fundo Clima

“E aprovamos no Congresso, agradeço aqui o Congresso, todas as ações voltadas para o mercado regulado de carbono, onde é uma grande oportunidade. Temos muitas ações, mas muito também a fazer, principalmente no enfrentamento dos incêndios, do desmatamento, que deve continuar com toda a intensidade”, explicou Marina Silva

Negociações

Como protagonista global na agenda climática, a ministra explicou que o Brasil vai levar para a COP30 a posição de implementar tudo o que já foi decidido pelos países durante as discussões anteriores sobre mudanças climáticas. O ano passado foi o primeiro ano da história a superar a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Segundo o Copernicus, observatório climático da União Europeia, no ano passado a temperatura média do planeta foi de 1,6°C

“Nós estamos num momento crucial, que é o momento da implementação de tudo que foi decidido, debatido ao longo desses 33 anos. Nós já estamos vivendo sob os efeitos da mudança do clima, com eventos climáticos extremos no mundo inteiro. Só em função das ondas de calor, mais de 170 mil pessoas morrem por ano no mundo inteiro. Só para se ter uma ideia, quando você acrescenta secas, furacões, tufões, enchentes torrenciais, esse número é avassalador, então é uma COP muito desafiadora e num contexto complexo”, explicou a ministra

Segundo a ministra, a posição do governo dos Estados Unidos, segundo maior emissor do mundo de CO2, de sair do Acordo de Paris, vai ser um desafio.

“Eles são de longe os que têm mais dinheiro, mais tecnologia e o segundo maior emissor, o primeiro é a China. Saindo do acordo, isso significa que nós vamos ter que trabalhar dobrado para atender as nossas obrigações, o nosso compromisso ético com a vida e o equilíbrio do planeta e fazer por aqueles que não estão fazendo. É um prejuízo muito grande, mas o multilateralismo começa na agenda de clima sem os Estados Unidos, e agora ele vai ter que aprender a ser forte, fazer o dever de casa em benefício da vida mesmo sem os Estados Unidos, mas eles vão pagar um preço alto, porque os Estados Unidos de longe são os que estão mais prejudicados pela mudança do clima, onda de calor, furacões, tufões, incêndios, e a população até pode ter um alinhamento ideológico, mas ela não vai querer ver o seu negócio, a sua vida ser ameaçada em função de uma posição que é contra tudo de racional que pode existir, que é a defesa da vida”, disse Marina Silva

Fonte: Agência Gov