Em acordo que deu fim a processo, Comitê afirmou que não reconhece título do Cruzeiro. Fato, porém, não altera resultado final da competição, homologado pela CBV
Entre os termos do acordo da Confederação Brasileira de Vôlei com o Comitê Olímpico do Brasil, no “caso Wallace”, um chamou a atenção: o não reconhecimento, por parte do COB, da final da Superliga Masculina 2022/2023 vencida pelo Cruzeiro diante do Minas. Que efeitos práticos existem sobre o título cruzeirense?
Não há uma consequência prática deste não reconhecimento. A Superliga Masculina é realizada pela CBV, sem interferência direta do COB sobre nenhuma situação do torneio. Assim, o título do Cruzeiro está homologado e mantido mesmo diante deste termo do acordo.
O acordo saiu na noite dessa segunda-feira, após meses de imbróglio. Além do não reconhecimento da final da Superliga por parte do COB, houve também a substituição da suspensão da CBV em multa. O oposto viu o gancho de cinco anos diminuir para 90 dias.
O acordo desta segunda-feira foi assinado pelo presidente do COB, Paulo Wanderley; pelo presidente da CBV, Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca; além do próprio Wallace, do Conselho de Ética do COB e da Advocacia Geral da União (AGU). Com o documento, todas as partes se comprometem em não questionar mais a decisão em nenhuma das instâncias judiciais.
O caso Wallace
Wallace foi punido primeiramente em 90 dias por publicar enquete sobre tiro no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro. Na publicação, um dos fãs pergunta se o jogador daria um tiro no rosto do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, Wallace abriu uma enquete para saber se algum de seus seguidores faria isso. O post logo teve grande repercussão. Wallace apagou o post horas depois, mas os prints circularam nas redes sociais.
A publicação foi alvo de repúdio de entidades como a CBV, o COB e o Governo Federal. O ministro da Secretaria da Comunicação do Governo Federal, Paulo Pimenta, acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) que, então, solicitou ao Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil e à Confederação Brasileira de Vôlei a instauração de processos contra Wallace.
O jogador foi suspenso provisoriamente e, no julgamento, recebeu a punição de 90 dias de suspensão. A decisão definiu a suspensão do atleta com início a partir de 3 de fevereiro, data de entrada do processo, até 3 de maio. O período esbarrava na data da final da Superliga Masculina, o que fez Wallace e o Cruzeiro a buscarem caminhos para reverter a suspensão.
Amparado por liminar do Supremo Tribunal de Justiça do Vôlei, o jogador entrou em quadra pelo Cruzeiro na final da Superliga Masculina. Na decisão, Wallace entrou em quadra e marcou o ponto do título do Cruzeiro. O fato não agradou ao Conselho de Ética do COB, que puniu o oposto em mais cinco anos de suspensão, além de suspender o repasse de verbas públicas à CBV. O CECOB também anunciou punição à Confederação Brasileira de Vôlei, que foi desvinculada do COB e punida com a perda de repasses de verba por 6 meses. Além disso, Radamés Lattari, presidente em exercício da entidade, foi suspenso por 1 ano.
Com o acordo da última segunda, a nova punição a Wallace, no entanto, fica sem efeito prático. Fora da seleção brasileira que vai disputar a Liga das Nações, o jogador cumprirá o restante da suspensão durante suas férias.
A multa à CBV será revertida em projetos voltados para o uso consciente das redes sociais por parte dos atletas. Além disso, também cai a suspensão de Radamés Lattari, vice-presidente e que ocupava o cargo de presidente em exercício da CBV.
Com o acordo desta segunda, o processo chega ao fim. Nas últimas semanas, o COB já havia conseguido a garantia da participação do Brasil nos torneios classificatórios para Paris 2024 e dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile.
Fonte: Ge