Para superintendente do Procon, além dos postos, distribuidoras também se anteciparam às refinarias e subiram preço de seus estoques
Não serão apenas os postos de combustíveis de Campo Grande que entrarão na mira da Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul (Procon-MS) por estarem praticando abusos contra o consumidor, reajustando o preço dos combustíveis um dia antes de a Petrobras colocar os novos preços em prática nas refinarias. As distribuidoras também serão investigadas”.
“É uma cadeia de abusos. Não é só o posto de revenda, a distribuidora também vem praticando abuso em cima de abuso”, queixou-se o superintendente do Procon, Marcelo Salomão, que colocou todos seus fiscais nas ruas nesta quinta-feira (10).
O superintendente do Procon explica como o abuso está ocorrendo. “Nós estamos recebendo denúncias de que as distribuidoras estão vendendo combustível hoje com o preço novo. E as distribuidoras que não estão praticando preço novo, estão segurando combustível para os postos para vender apenas amanhã (sexta-feira, 11) com o novo preço”, detalhou.
Orientação
Marcelo Salomão orienta os proprietários que abasteceram ou ainda vão abastecer nesta quinta-feira (10) e sexta-feira (11) a pedir os cupons fiscais aos estabelecimentos. É uma forma de ajudar o Procon na fiscalização.
Aumentos
No início da tarde, o Correio do Estado flagrou vários postos de Campo Grande subindo o preço da gasolina em pelo menos R$ 0,50 por litro. Alguns motoristas reclamaram. É o caso da empresária Verenna Caballero.
Ela bem que tentou abastecer seu carro no preço velho, mas teve um revés. “Passamos pelo outro posto e estava R$ 6,29, mas quando chegamos aqui estava R$ 6,23, então entramos para abastecer aqui, ele mudou o preço, e me cobrou o preço mais alto”, reclamou a empresária, que pagou o valor de R$ 6,73 no litro da gasolina, já com o reajuste em um posto na Avenida Costa e Silva.
Nas refinarias
Após quase dois meses com os preços congelados, e em meio a pressões para não trazer a volatilidade do mercado externo para o Brasil, a Petrobras anunciou que vai aumentar a gasolina em 18,7%; o diesel, em 24,9%; e o gás de cozinha em 16%, reduzindo assim a defasagem da estatal em relação ao mercado internacional, que já beirava os 50%.
“Após 57 dias, a Petrobras fará ajustes nos preços de gasolina e diesel. E, após 152 dias, a Petrobras ajustará preços de GLP”, informou a empresa em nota.
A partir da sexta-feira, 11, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,54 por litro.
Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25, em média, para R$ 4,06 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,81 por litro.
Gás
Para o GLP, a partir da sexta, o preço médio de venda para as distribuidoras, passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,62 por kg.
“Esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda”, disse a empresa em nota, referindo-se aos aumentos promovidos este ano pela Acelen, controladora da refinaria de Mataripe, na Bahia, única refinaria vendida pela Petrobras até o momento, e que estão 27% acima do preço da estatal.
A Petrobras informou ainda, que apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo.
“Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento”, explicou a companhia.
Com Estadão Conteúdo e Correio do Estado