Há um fenômeno no Brasil e no mundo, muito sério e triste ao mesmo tempo, o endividamento das famílias. O percentual de brasileiros endividados em junho de 2024 permaneceu em 78,8%. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Impressionante pensar que a cada 10 famílias, praticamente 8 estão endividadas. Tendo seu poder de compra comprometido, sua capacidade de manter uma vida segura e digna abalada e com o futuro financeiro totalmente incerto. Que absurdo! Mas além de tomar consciência sobre esse dado alarmante, é ainda mais importante descobrirmos porque chegamos até aqui e qual o caminho para sair dessa situação.
Um dos fatores que contribuem para o descontrole financeiro é a facilidade que o crédito possibilitou. Comprar um móvel novo, um eletrodoméstico moderno, uma passagem aérea, abastecer o carro e fazer as compras do mês no mercado podem ser comprados através do cartão de crédito e ainda podem ser parcelados. Mas qual seria o problema disso? Não seria apenas um meio de pagamento? Sim, o cartão de crédito é um meio de pagamento, e também é um meio extremamente perigoso.
Para compreendermos melhor esse ponto, precisamos analisar a diferença como nossa mente, ou seja, as nossas emoções se comportam em cada situação. Perceba a diferença que você sente ao comprar um mesmo item mas de 3 formas diferentes: no crédito, no débito e em “dinheiro vivo”.
Pense, mesmo que hipoteticamente, que você foi comprar um televisor novo. Digamos que o preço desse aparelho que está negociando seja de R$ 2.500,00, você pagará à vista e em “dinheiro vivo”, ao retirar as cedulas de Reais de sua carteira qual foi o sentimento que veio a tona? Quais emoções ficaram mais evidentes? Além da alegria e prazer inerentes à compra, com certeza uma dor de perda também ficou martelando, não ficou?! Isso acontece porque você entregou ou “perdeu” algo físico que te pertencia, no caso o dinheiro representado pelas notas de Reais. Essa dor trouxe a representação da grandeza dessa compra e deu maior grau de consciência.
Agora imagine a mesma situação, mas ao invés de usar as cedulas, você pagará com seu cartão de débito. Nesse momento, você rapidamente se lembrará do seu saldo bancário e fará contas matemáticas em frações de segundos, chegando a conclusão que é possível fazer aquela aquisição. A dor foi quase insignificante, porque não teve nenhum gesto prático de entregar ou “perder” algo.
Por fim imagine que você usará o cartão de crédito para pagar esse novo televisor. Nesse cenário você estará entregando um pedaço de plástico ao vendedor, assim como com seu cartâo de Débito, em troca de uma TV nova em folha. Você não precisou se desfazer de nada, e nem precisou lembrar quanto dinheiro havia na sua conta. Apenas a alegria e prazer ficaram presentes. Não houve dor, não houve nenhuma “perda”, apenas a satisfação.
Aqui está a porta de entrada do endividamento, a facilidade de comprar, aliado ao desequilíbrio na relação de troca onde fica apenas a parte boa. Não preciso entregar nada para obter o que desejo, claro que emocionalmente falando. Obviamente depois a fatura vai chegar e deverá ser paga. Mas no momento da decisão de compra o freio emocional e natural que te protejeria de uma cilada financeira, não existiu. O cartão de crédito, de um simples meio de pagamento, se tornou um terrível vilão que cortou os seus freios emocionais.
Por isso, se você se encontra em uma situação de endividamento, te recomendo que você faça um parcelamento em 4 partes. Pegue seu cartão de credito, uma tesoura e corte em pelo menos 4 partes.
Fonte: Agência Brasil
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