É uma espécie de agiotagem, “compensa investir mesmo que os ganhos se alternem” , diz economista
“As eleições presidenciais e os lucros dos investidores externos são determinantes para a injeção de capital no Brasil neste momento”, pontua o economista Eugênio Pavão. De acordo com Pavão, a alta da taxa Selic para 11,75%, definida em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no último dia 16, possibilita que os mercados externos lucrem em cima das altas taxas reguladoras do mercado financeiro brasileiro.
“Os próximos acontecimentos no país serão o termômetro. É uma espécie de agiotagem, e mesmo que os lucros diminuam, compensa investir. Se eu tivesse R$1 milhão, com a taxa em 11,75 por cento, lucraria cerca de R$117 mil.”
Segundo o economista, os juros altos e o aumento das taxas permitem que o mercado interno monitore e controle a inflação do país, ao passo que são um atrativo para investidores estrangeiros. Para ele, o capital é investido em períodos curtos, pois, de acordo com Pavão, as movimentações financeiras são de grande risco. “Nestes casos, os investidores costumam permanecer por cerca de sete dias. Se o ministro da economia cair amanhã, se o presidente anunciar uma queda dos juros, o mercado externo tende a recuar, isso é determinante.”
Orçado em R$5,076 na última quarta-feira (16), o dólar mantém a queda. A moeda norte-americana fechou hoje em R$4,839, decréscimo de 4,6 por cento nos últimos sete dias. É o menor valor de fechamento da moeda desde 13 de março de 2020 quando o dólar encerrou o dia em R$4,812.
Com isso, o economista diz que as movimentações dos investidores são sempre de antecipação ao mercado lucrativo e aos fatores que podem influir nisso. “Quem injeta dinheiro mantém contato com influências em bancos brasileiros e externos, com isso, reconhecem o momento correto para agirem e não perderem dinheiro”.
Para ele, as relações dos investidores com o mercado brasileiro hoje é uma espécie de casamento entre pessoas de duas famílias ricas. “Ao se encontrarem, as partes falarão sobre o mercado financeiro, investimentos, lucros, menos sobre o matrimônio”.
- Fonte: Correio do Estado