E agora, será que vai acabar o cheirinho

Por Claudio Severo

A diretoria do Flamengo jogou para a torcida. A decisão de demissão do técnico Tite nesta segunda-feira foi um golpe de eleição, ou ele não tinha mas clima mesmo para comandar os pupilos. Os dois temas são assuntos dos flamengistas, chamados especialistas, e por boa parte da imprensa carioca. Primeiro pelo fato da eleição neste final de semana, onde o diretor de futebol do clube é candidato a releição no cargo de vereador. Continuar nessa situação, poderia estar custando o cargo na cadeira da Câmara do Rio de Janeiro, e, é claro, diminuir muito o prestígio. Ficar sem os votinhos dos torcedores mais apaixonados é verdadeiramente um soco na faca.

Por outro lado, é mesmo a má campanha do clube sob o comando do treinador Tite. Dos quase 80 jogos, somente 43 vitórias e um time que tomou 36 gols. Conhecido pelo esquema de ter uma defesa bem sólida, pelo menos nesta temporada no Ninho do Urubu, não tem como ver que foi muito abaixo do que ele sempre representou. Bem lembra a torcida do Corinthians que nos bons tempos acompanhou seu time dando verdadeiras goleadas de “1 a 0” e conquistou com isso até chega ao título mundial de clubes.

Mas também não tem como os torcedores do time carioca ficar só na reclamação. Diante do que aconteceu em 2019, onde venceu tudo, nada mais natural que a natureza humana dos jogadores chegaram e vai diminuir o ritmo. E o clube, mesmo com todo potencial financeiro, não está conseguindo contratar jogadores do mesmo nível e não revelando quase ninguém. Do time de 2019, quatro ou cinco ainda estão no plantel, e se comparar com o Palmeiras, o adversário daquele dia, só tem um jogador. O nível apresentado em 2019 está no mesmo apresentado pelo Operário aqui do MS em 1977, onde muitos ainda se lembram. É preciso renovar, apostar, investir em algumas peças para não ficar pelo caminho e ai ser lembrado pelos outros torcedores, que não perdem a oportunidade de mencionar: ficou apenas no cheirinho.

Uma nova era parecer que está começando com a subida do ex-lateral Filipe Luis. Quem viver verá que há mesmo um diferencial no comando ou se o elenco vai comprovar que a idade chegou para os experientes.

Jornalista, formado na Universidade Mogi das Cruzes (SP). Trabalhou na CBN, Globo e SBTMS. Assessor de imprensa e editor do site EsporteMS desde 2003.