O efeito das medidas restritivas decretadas pela Prefeitura de Campo Grande, nesta semana, em que vários feriados foram antecipados, só será notado daqui 15 dias.
O infectologista da Fundação Oswaldo Cruz, Julio Croda, explica que a restrição imposta pela prefeitura não garante que a população cumpra o isolamento e, caso não haja aderência, a pandemia pode ter piora.
“Se for uma restrição meia-boca, não veremos melhora. O povo tem de ficar em casa mesmo. E o efeito não é imediato, o que fizermos agora ainda vai refletir daqui a 15 dias”.
De acordo com o infectologista, como o efeito das ações do poder público e da população não são imediatos, se ocorrer uma piora no número de casos, mortes e internações nos próximos dias será uma consequência dos atos de duas semanas atrás.
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O infectologista destaca que com a aderência da população às medidas corretamente, os resultados serão apresentados com uma variação sequencial, em que, primeiro, há queda no número de casos, depois, de internações e, por fim, de mortes.
“Se conseguirmos adotar as medidas corretas, podemos ver queda no número de óbitos a partir do dia 10 de abril, em três semanas. Para reduzir os casos, serão duas semanas”.
Ontem, Campo Grande estava com mais de 100% de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). Há 124 pessoas esperando por um leito na macrorregião de Campo Grande, onde 102 são campo-grandenses. Além disso, em março, o Estado registrou 21.303 casos de Covid-19 e 495 mortes.
Por conta do colapso no sistema de saúde, a Prefeitura de Campo Grande publicou decreto que impõe a antecipação de feriados de 2021 e 2022 para esta semana. A medida entrou em vigor ontem e terá vigência até 28 de março.
Durante o período, poderão funcionar somente 42 serviços, como atividades de saúde, transporte, de alimentação por meio de delivery, farmácias e drogarias, funerárias, postos de gasolinas e indústrias.
O município contará com o auxílio da vigilância sanitária, da guarda municipal, fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), da Polícia Civil e Polícia Militar, com rondas pela cidade durante o dia e noite. Caso uma empresa não respeite o decreto, pode ser denunciada por meio do número 156 ou 3314-9955.
VACINAÇÃO
Além da semana de restrição, a Prefeitura de Campo Grande também terá vacinação em massa. A Capital pretende ampliar a faixa de idade para imunização nesta semana e assim atender até 10 mil pessoas por dia, atingindo o público-alvo de pessoas com mais de 67 anos de idade.
A ampliação no calendário de vacinação da Capital foi realizada por conta das últimas duas remessas enviadas pelo Ministério da Saúde. Nos dias 17 e 20 de março, Campo Grande recebeu mais de 32.630 novas doses, além disso, o Ministério recomendou que todas as doses sejam utilizadas para primeira aplicação.
Segundo Croda, a vacinação em massa que será realizada nesta semana ainda vai demorar para ter efeito. Para que isso ocorra, é necessário a aplicação das duas doses dos imunizantes.
“Vai demorar para essa vacinação fazer efeito real, depois de 14 dias da segunda dose. Além disso, ainda vai ficar faltando todos acima de 60 anos e pessoas com comorbidades”.
De acordo com o vacinômetro, 198.657 pessoas foram imunizadas com a primeira dose da vacina contra o coronavírus e mais 80.944 com a segunda dose. O porcentual de imunizados no Estado está em 2,88%.
Em Campo Grande, do total de 79.982 doses aplicadas, 58.660 foram para a primeira aplicação. A taxa de pessoas imunizadas na Capital está em 2,35%.
O horário de vacinação também passará a ser integral. Os mais de 30 pontos de imunização vão vacinar no período da manhã e à tarde. O Ginásio Poliesportivo Guanandizão será mais um polo de vacinação na Capital a partir de quarta-feira, às 7h30min.
- Fonte: Correio do Estado