Em meio à crise, Enem 2021 tem 26% de abstenção no país

Ministro da Educação, Milton Ribeiro, comemorou o resultado e refutou as críticas à organização do exame. Duas semanas antes da prova, 37 servidores pediram demissão alegando interferência do governo no conteúdo da avaliação

(crédito: Luis Fortes/MEC)

Dados preliminares do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização e aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apontam que a avaliação teve 26% de abstenção neste domingo (21/11). No total, foram 3,1 milhões de inscritos para fazer a prova de 2021.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, destacou que a abstenção foi baixa se comparada aos anos anteriores. Segundo o chefe da pasta, o conteúdo da prova mostra que não houve interferência política por parte do governo. “Isso é um absurdo. Quando eu vejo alguns que entraram (na Justiça) para impedir a realização do Enem eu fico cada dia mais indignado e admirado em ver pessoas que não têm o mínimo de consideração há milhões de alunos que se prepararam”, disse, em coletiva de imprensa.

O Enem 2021 tem sido alvo de críticas e desconfianças por parte de parlamentares e instituições. A debandada coletiva de servidores do Inep — foram 37 pedidos de exoneração em protesto contra o presidente do órgão, Danilo Dupas Ribeiro — gerou um clima de insegurança em educadores e alunos a respeito da realização do exame.

Perguntado sobre o assunto, Dupas minimizou a crise. “É uma questão interna. Os servidores estão comprometidos em atuar enquanto estão nos seus cargos. Estamos avaliando e os próprios processos já foram respondidos pelos juízes”, afirmou.

O ministro da Educação voltou a sustentar o argumento de que a saída dos servidores se deu por conta de uma gratificação no salário. “Eles colocaram à disposição cargos em comissão. Não temos nenhum demitido. Temos, sim, 37 pedidos para abrir mão de cargos em comissão. E não é só isso. Tem a questão do GECC (Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso) e das diárias”, defendeu Milton Ribeiro.https://0c78d496e0f7ca9e766f0ed9553087c8.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Entenda a crise do Inep

  • Duas semanas antes da realização do Enem, 37 funcionários pediram demissão do Inep;
  • Eles alegaram “assédio moral” e falta de gestão técnica do presidente do instituto, Danilo Dupas;
  • Em audiência na Câmara dos Deputados, Dupas afirmou que o Enem seria realizado e que “a crise no Inep era uma questão interna”;
  • O ministro da Educação, Milton Ribeiro, reforçou a realização do exame, sem, no entanto, explicar as demissões no Inep;
  • O presidente Jair Bolsonaro declara que o Enem “começa agora a ter a cara do governo”;
  • Milton Ribeiro nega qualquer tipo de interferência do governo na montagem das provas;
  • Associação de Servidores do Inep (Assinep) reúne documento de 36 páginas com denúncias de assédio moral e interferência;
  • Servidores afirmam que agente da Polícia Federal esteve no local, que tem acesso restrito, no dia 2 de setembro;
  • Entidades vão à Justiça pedir afastamento do presidente do Inep, Danilo Dupas;
  • Justiça Federal nega pedido para afastar presidente do Inep;
  • Tribunal de Contas da União (TCU) decide investigar demissões;
  • Enem é realizado;
  • Em coletiva, ministro da Educação e presidente do Inep minimizam crise. 

  • fonte: Correio Braziliense