Escorpiões se proliferam em Mato Grosso do Sul e risco de acidentes aumenta

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Com 6.680 notificações de acidentes por animais peçonhentos em 2024, Mato Grosso do Sul enfrenta uma escalada silenciosa, porém preocupante, na presença de escorpiões em bairros da cidade. As estatísticas são do Ministério da Saúde e incluem casos registrados no Sinan Net (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

Moradores relatam aumento significativo da presença dos aracnídeos em áreas residenciais, inclusive em locais como varandas, cozinhas e até vasos sanitários. David Silva, de 56 anos, mora no bairro Guanandi II e conta que foi atacado por um escorpião dentro da própria casa há poucas semanas.

“Há cerca de duas semanas fui atacado por um escorpião dentro da minha casa. E percebi que nas últimas semanas a presença desses animais tem se tornado cada vez mais frequente. Somente neste final de semana encontrei dois, um na varanda de casa e outro na cozinha. A situação está insuportável e por mais que a gente cuide do quintal, infelizmente alguns vizinhos da região insistem em não cuidar. Acredito que seja necessária alguma atitude por parte da prefeitura porque eu que sou adulto já senti muita dor com a picada do animal, imagina se fosse uma criança?”, questiona.

Em outro ponto da cidade, no bairro Vila Almeida, Thiago Magalhães, de 45 anos, afirma que a infestação de escorpiões começou após a ligação da rede de esgoto. A situação, segundo ele, é crítica, mesmo com todos os cuidados tomados pela família.

“A gente ainda paga por isso, R$180 de taxa de esgoto. Antes, raramente se ouvia falar sobre escorpiões na região. No entanto, após a ligação da rede de esgoto, a presença desses animais peçonhentos se tornou frequente em nossa casa. Temos tomado todos os cuidados possíveis: vedamos ralos e esgotos, garantimos que não haja lixo ou materiais de construção acumulados, e mesmo assim, os escorpiões continuam a aparecer. Já encontramos até no teto e dentro do vaso sanitário. Estamos sem saber o que mais fazer para resolver essa situação.”

Dados em alta

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), por meio da CCZ (Coordenadoria de Controle de Zoonoses), registrou entre janeiro e maio de 2025 um total de 1.210 solicitações espontâneas de vistoria por presença de escorpiões – número 26% maior que o mesmo período de 2024, quando foram registrados 955 atendimentos.

As regiões com maior número de ocorrências continuam sendo Anhanduizinho e Lagoa, as mesmas do ano anterior. No total de 2024, foram 1.594 solicitações espontâneas.

As espécies mais comuns em Campo Grande são Tityus confluens e Tityus serrulatus, com predominância da primeira. Todos os escorpiões têm peçonha, mas o T. serrulatus, conhecido como escorpião-amarelo, é o principal causador de acidentes graves, especialmente em crianças e idosos.

De acordo com a SES (Secretaria de Estado de Saúde), não houve registro de óbitos por acidentes com escorpiões em Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025. No entanto, os números de acidentes são elevados. Apenas em 2024, os municípios com mais casos registrados foram:

Serviços e ações de controle

A prefeitura de Campo Grande atua por meio do SCRAPS (Serviço de Controle de Roedores, Animais Peçonhentos e Sinantrópicos), ligado à CCZ, que oferece orientação via telefone e WhatsApp, além de vistorias domiciliares mediante solicitação. Entre janeiro e maio de 2025, foram realizados 1.210 atendimentos e 241 aplicações de produtos químicos, sempre após avaliação técnica, pois o uso indiscriminado pode aumentar o risco de acidentes ao desalojar os animais.

O contato com o serviço pode ser feito pelo telefone e WhatsApp: (67) 2020-1796 ou pelo número 3313-5000, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Nos finais de semana e feriados, o serviço funciona das 6h às 22h.

A Águas Guariroba, concessionária responsável pelo esgotamento sanitário na Capital, reforça que a responsabilidade pelo controle de escorpiões é compartilhada entre poder público e moradores. A empresa destaca que os escorpiões se proliferam em locais escuros, úmidos e com presença de lixo e insetos, não apenas nas redes de esgoto. Por isso, recomenda cuidados como manutenção regular de caixas de gordura e esgoto, instalação de telas em ralos e janelas, além da limpeza dos ambientes.

Fonte: O Estado