“Está em andamento a maior estiagem da história de Mato Grosso do Sul”, diz Natálio Abrahão

Mato Grosso do Sul já superou as máximas históricas de junho em relação a focos de calor e área queimada

Texto por Reuel Oliveira

Bombeiros combatem incêndios no Pantanal. Foto: CBMMS

O Mato Grosso do Sul enfrenta um longo período de estiagem em 2024. A situação climática já interferiu nas elevadas temperaturas e na alta taxa de focos de incêndios no Pantanal.

Conforme o Corpo de Bombeiros Militar, o bioma já superou as máximas históricas de junho em relação a focos de calor e área queimada, desde que o monitoramento iniciou. A situação, porém, deve seguir piorando. 

Em entrevista ao Jornal da Hora desta quinta-feira (20), o meteorologista Natálio Abrahão, falou a respeito do período de estiagem enfrentado por MS. O meteorologista relembrou a maior seca da história do estado em 1996 e destacou que o cenário poderá se repetir. Na ocasião, o estado ficou 98 dias sem chuvas. 

Natálio Abrahão nos estúdios Rádio Hora. Foto: Evelyn Mendonça

“É uma tragédia prevista […] Considerando que há deficiência hídrica, a projeção para os próximos dois meses [nas réguas hídricas]  entre Ladário, Porto Murtinho e Bacia do Apa vai descer, não vai subir. Está em andamento provavelmente a maior estiagem da história de Mato Grosso do Sul. Qual é a maior estiagem de Mato Grosso do Sul? 1996, com mais de três meses de estiagem e isso pode estar a caminho”, disse. 

Conforme o meteorologista, com tantos dias sem chuva, as consequências serão severas. Ele destacou que além da queima imediata, a longo prazo poderá ocorrer o fenômeno Turfa, que pode gerar o retorno dos incêndios. 

A turfa é um tipo de material genético que se acumula no solo, sendo inflamável. Quando ocorre um incêndio, a parte superior da vegetação é consumida, a turfa pode reacender as chamas depois de apagadas. 

“Se você tem uma situação de três meses de chuva ou extremamente abaixo, o combustível está à disposição de quem vai queimar, então você tem perda de animais, perda vegetais, perda de capacidade de absorção do solo e um outro elemento que talvez esteja despercebido, o fenômeno chamado turfa. […] que pode reacender o fogo, e isso ocorre quando você tem queimadas por mais de dez dias, que é algo que já passamos”, disse. 

Situação crítica

O Mato Grosso do Sul já superou as máximas históricas de junho em relação a focos de calor e área queimada. Conforme dados do Corpo de Bombeiros Militar, 1.729 focos de incêndio foram registrados em junho. Antes, o índice mais crítico foi em 2005, onde foram registrados 557 focos. Em relação a área queimada os índices são ainda mais preocupantes. Foram queimados 228.425 hectares, área quase oito vezes superior ao recorde anterior, 29.000 hectares em 2020. 

Assista a entrevista na integra