Estado tenta encurtar embargo japonês à carne de frango de MS

Japão suspendeu a importação da proteína após a confirmação de foco de gripe aviária em Bonito

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O Japão suspendeu a importação da carne de frango de Mato Grosso do Sul após a identificação de um foco da gripe aviária em Bonito. O governo do Estado tenta reduzir o embargo que, inicialmente, será de 28 dias. De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, um ofício foi encaminhado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) solicitando a antecipação do processo.

Segundo o titular da Semadesc, o embargo foi iniciado em 12 de setembro, de forma imediata. “Existe um procedimento que é automático, toda vez em que for identificada doença aviária em ave doméstica, que já aconteceram três casos no Brasil, em Mato Grosso do Sul, no Espírito Santo e em Santa Catarina, o embargo temporário dura 28 dias”, detalha.

A confirmação oficial do Mapa para o primeiro foco do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP H5N1), em Mato Grosso do Sul, em uma criação de aves domésticas de subsistência na cidade de Bonito foi realizada na segunda-feira. De acordo com o secretário, todos os procedimentos necessários já foram realizados e, por isso, tenta-se antecipar o fim do embargo. 

“Fomos lá, bloqueamos a propriedade, fizemos um arco sanitário, matamos todos os animais e enterramos todos”, diz Verruck, que explica ainda que foi nessa ocasião em que foi tomada a decisão de solicitar a antecipação do embargo. 

“Esse ofício deve ir hoje [quinta-feira], após o governador assinar, mostrando tudo o que fizemos tecnicamente. Neste momento, entendemos que se encerrou, está erradicado o foco em Mato Grosso do Sul”, ressalta.

O embargo, que, a princípio, vai durar 28 dias, pode ser reduzido caso seja acatado pelo governo japonês, porque, segundo o secretário, o Mapa apoia o fim da suspensão.

IMPACTO 

Em 2022, a avicultura de Mato Grosso do Sul foi responsável por movimentar mais de R$ 1,6 bilhão em exportações (US$ 339 milhões), conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

De janeiro a agosto, o Estado exportou US$ 236 milhões (R$ 1,14 bilhão) em produtos da avicultura negociados internacionalmente. O setor tem 550 produtores e emprega cerca de 50 mil trabalhadores.

O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo, analisa a questão como negativa para a economia do Estado, uma vez que deve refletir no resultado da balança comercial.

“Certamente, parte desta produção terá de ser escoada no mercado interno, o que pode causar queda de preços nas gôndolas dos supermercados, cabendo as mesmas consequências aos subprodutos dessa indústria”, destaca o economista.

Verruck ainda salienta que a situação cria uma preocupação não somente para Mato Grosso do Sul, como para toda a avicultura do País em caso de um novo foco.

 “Em 2023, 19% da exportação de aves do Estado foi para o Japão, nosso segundo parceiro comercial, o primeiro é a China, com 20,19%. Então, é extremamente relevante e preocupante”. 

Ainda de acordo com o secretário, “no curtíssimo prazo, não haverá impacto na cadeia produtiva, mas isso cria uma preocupação não só aqui, porque tem aumentado o número de casos de gripe aviária doméstica. Quer dizer, amanhã pode ter outro caso, podemos ter um ciclo de suspensão temporária que pode realmente criar uma situação grave na avicultura brasileira”. 

Conforme o economista do SRCG, em 2022, das 174 mil toneladas exportadas pelo estado, cerca de 17% foram para o Japão. “Trata-se de um canal importante de escoamento da produção do Estado, que recebe cerca de 2,5 mil toneladas de MS todos os meses”, afirma Melo.

PROTOCOLO

O titular da Semadesc ainda relata que foi realizada uma reunião virtual com os empresários da avicultura de Mato Grosso do Sul e que não haverá modificação no protocolo do processamento da produção.

“Vai continuar normal o processo de produção e de abate. Eles realocam esses animais para outros mercados, para o mercado interno ou para outros mercados exportadores. Então, em um curtíssimo prazo não haverá impacto na cadeia produtiva”, aponta Verruck.

O secretário conclui afirmando que, neste momento, o entendimento para os órgãos competentes é de que a situação no Estado é de caso erradicado. “O cuidado agora realmente é a biossegurança, vamos continuar com a autovigilância para, se aparecer um caso, que ele seja rapidamente resolvido, sendo feito todo o trabalho, o protocolo nacional e internacional”, finaliza.

O Mapa destaca que a ocorrência dos três focos confirmados em aves de subsistência não traz restrições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. 

“O consumo e a exportação de produtos avícolas permanecem seguros”, detalha a nota do ministério.
Apesar de o Brasil ter 105 focos confirmados até terça-feira, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) não lista o País como um dos infectados, já que os casos não foram registrados na produção comercial de aves. 

De acordo com a organização, na América do Sul foram registrados 256 casos da doença em animais.

Fonte: Correio do Estado