.
A pandemia de COVID-19 trouxe profundas mudanças na forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Durante esse período, o mundo enfrentou desafios inéditos, incluindo isolamento social, incertezas econômicas, perdas pessoais e uma constante sensação de insegurança. Mesmo após o pico da crise, muitas pessoas ainda sofrem com os efeitos de longo prazo, como fadiga crônica e altos níveis de estresse.
Esses problemas se tornaram cada vez mais prevalentes e exigem atenção, pois podem impactar gravemente a saúde mental e física.
A fadiga crônica, uma condição marcada por cansaço extremo que não melhora com descanso, ganhou destaque durante e após a pandemia. Muitas pessoas relataram sentir-se constantemente esgotadas, mesmo sem uma carga excessiva de trabalho físico ou mental.
Essa exaustão pode ser associada ao estresse prolongado enfrentado durante a pandemia, quando rotinas foram interrompidas e a adaptação a um “novo normal” tornou-se inevitável.
O impacto cumulativo do estresse elevado ao longo do tempo também está diretamente ligado ao aumento de diagnósticos de transtornos relacionados ao estresse, como ansiedade generalizada e depressão.
Diversos estudos indicam que o estresse elevado pode ter efeitos de longo prazo na saúde. Segundo o American Psychological Association, o estresse crônico afeta o funcionamento do sistema imunológico, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e contribui para o desenvolvimento de condições metabólicas, como diabetes.
Além disso, o estresse prolongado é um fator significativo para o surgimento da fadiga crônica. Um relatório do National Institute of Mental Health revelou que, durante a pandemia, 78% das pessoas relataram níveis elevados de estresse, e uma parte significativa dessas pessoas também apresentou sintomas de exaustão física e mental.
A pandemia também intensificou a preocupação com as emoções e o bem-estar psicológico. O isolamento social, as perdas pessoais e o medo constante da doença criaram um cenário propício para o aumento de problemas emocionais. Estudos publicados pelo The Lancet Psychiatry destacaram que os casos de depressão aumentaram globalmente em cerca de 27%, enquanto os transtornos de ansiedade subiram aproximadamente 25%.
Esses dados reforçam a necessidade de estratégias de cuidado com a mente e as emoções, especialmente no contexto pós-pandemia.
É essencial refletir sobre os fatores que contribuíram para o aumento desses problemas. O excesso de informações, muitas vezes conflitantes, sobre a pandemia gerou altos níveis de incerteza. Além disso, as mudanças nas rotinas diárias e a falta de interações sociais enfraqueceram as redes de apoio emocional.
O trabalho remoto, apesar de trazer benefícios como maior flexibilidade, também foi uma fonte de estresse para muitos, ao misturar os limites entre vida profissional e pessoal. Essa sobrecarga emocional impactou não apenas adultos, mas também crianças e adolescentes, grupos particularmente vulneráveis à falta de socialização e mudanças abruptas em suas rotinas.
A relação entre mente e corpo é um aspecto central na compreensão do impacto do estresse e da fadiga crônica. Estudos da Harvard Medical School mostram que o estresse emocional prolongado pode alterar a resposta do sistema nervoso central, afetando diretamente o funcionamento do corpo.
O resultado pode incluir dores musculares, problemas digestivos, insônia e até mesmo dificuldades cognitivas, como falta de concentração e lapsos de memória. Esse ciclo é autossustentável: o estresse leva à exaustão física e mental, que, por sua vez, agrava ainda mais o estresse.
Cuidar da mente e das emoções pode ser um caminho eficaz para enfrentar esses desafios. A prática de mindfulness, que inclui técnicas de atenção plena e meditação, tem se mostrado altamente benéfica para reduzir os níveis de estresse. Pesquisas realizadas pelo American College of Lifestyle Medicine indicam que a meditação regular pode diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e melhorar significativamente o bem-estar geral.
Além disso, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido amplamente recomendada para ajudar as pessoas a lidar com pensamentos negativos e desenvolver estratégias práticas para gerenciar o estresse.
Outro aspecto importante no cuidado com a mente é o fortalecimento das conexões sociais. Durante a pandemia, muitas pessoas se isolaram fisicamente, o que aumentou sentimentos de solidão e isolamento emocional.
Manter contato regular com amigos e familiares, seja presencialmente ou por meios virtuais, pode fornecer o suporte emocional necessário para lidar com desafios. Estudos publicados pelo Journal of Social and Clinical Psychology revelam que interações sociais positivas estão diretamente relacionadas à redução dos níveis de estresse e ao aumento da resiliência emocional.
A atividade física também desempenha um papel crucial na redução do estresse e no combate à fadiga crônica. A prática regular de exercícios libera endorfinas, hormônios que promovem sensações de prazer e bem-estar. Segundo a Mayo Clinic, mesmo atividades leves, como caminhadas diárias, podem ajudar a melhorar o humor e reduzir a sensação de cansaço. Além disso, a prática de yoga e outras atividades que combinam movimento com técnicas de respiração tem mostrado resultados promissores na redução dos sintomas de estresse e exaustão.
Uma alimentação equilibrada também contribui para o bem-estar mental e físico. Durante a pandemia, muitas pessoas relataram mudanças nos hábitos alimentares, com aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Esses alimentos, embora convenientes, podem contribuir para a inflamação sistêmica, que está associada à fadiga e ao estresse. Incluir alimentos ricos em nutrientes, como frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, pode fornecer ao corpo os recursos necessários para lidar melhor com os desafios diários.
O sono é outro pilar essencial para a recuperação da fadiga crônica e do estresse elevado. Durante a pandemia, muitas pessoas experimentaram padrões de sono interrompidos, devido à ansiedade e mudanças nas rotinas. A qualidade do sono é fundamental para o equilíbrio emocional e físico. Segundo a National Sleep Foundation, adultos devem dormir entre 7 a 9 horas por noite, mas, mais importante que a quantidade, é a consistência do horário de dormir e acordar. Criar uma rotina noturna, evitando dispositivos eletrônicos antes de dormir, pode ajudar a melhorar a qualidade do sono.
O cuidado emocional também pode incluir atividades que promovam o prazer e a criatividade, como hobbies e momentos de lazer. Essas práticas ajudam a reduzir o impacto do estresse e fortalecem a resiliência emocional. Estudos conduzidos pela Universidade de Michigan mostram que pessoas que dedicam tempo a atividades criativas experimentam níveis mais baixos de cortisol e relatam maior satisfação com a vida.
Em um cenário pós-pandêmico, o autocuidado deve ser visto como uma prioridade, não como um luxo. Investir em práticas que promovam a saúde mental e emocional pode ajudar não apenas a lidar com os efeitos do estresse e da fadiga crônica, mas também a construir uma base sólida para enfrentar futuros desafios. A conscientização sobre a importância do equilíbrio entre mente e corpo é um passo essencial para uma vida mais saudável e plena.
À medida que seguimos em frente, é fundamental lembrar que o cuidado com a mente e as emoções não é algo que deve ser feito apenas em momentos de crise. Ele deve ser incorporado como uma parte integral de nossas vidas, garantindo que estejamos melhor preparados para enfrentar adversidades e aproveitar os momentos de tranquilidade. Por meio de estratégias baseadas em evidências, como meditação, atividade física, alimentação equilibrada e apoio social, é possível construir resiliência e promover um bem-estar duradouro.
Éder Wagner – Bem Estar
Expert em Movimento e Pós Graduado Performance Esportiva Sistema Internacional de ensino. Proprietário Studio Life30.