Falta de chuva pode reduzir safra de MS em 7%, estima IBGE

Escassez das precipitações e calor elevado tem atrasado o plantio de soja na região norte de Mato Grosso do Sul

Arquivo/Correio do Estado

Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), publicado nesta quinta-feira (09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que Mato Grosso do Sul pode enfrentar uma redução de 7,4% na safra de grãos, cereais e leguminosas do próximo ano, principalmente influenciada pelo clima. 

Ainda conforme o Instituto, essa produção tende a ser positiva apenas no Rio Grande do Sul (41,2%), com as quedas observadas, respectivamente, em: 

  • Pará (-10,7%) 
  • Paraná (-9,6%),
  • Mato Grosso (-8,1%), 
  • Santa Catarina (-7,8%), 
  • Mato Grosso do Sul (-7,4%),
  • Sergipe (-7,0%),
  • Goiás (-6,5%), 
  • Tocantins (-6,4%), 
  • Piauí (-6,2%), 
  • Minas Gerais (-4,6%), 
  • São Paulo (-3,2%), 
  • Rondônia (-2,9%), 
  • Bahia (-2,9%), 
  • Maranhão (-0,9%), 

Quando lançado olhar sobre o cenário nacional, a safra do próximo ano de grãos, cereais e leguminosas deve atingir cerca de 308,5 milhões de toneladas, sendo esse um total 2,8% menor se comparado à 2023, representando pelo menos 8,8 milhões de toneladas a menos. 

Essa redução é principalmente creditada à queda na produção de soja – quase dois milhões de toneladas a menos – e, como bem explica o gerente do Levantamento, Carlos Barradas, as variações climáticas (com mais chuva no Sul e seca no Norte) tem atrasado o plantio em alguns Estados.

Ainda que a produção de soja sinalize essa redução de quase duas toneladas (-1,3%), a próxima safra deverá, sim, ser “muito boa” para o País [nas palavras do gerente do levantamento], atingindo aproximadamente 150 milhões de toneladas. 

Prognóstico 2024

Apesar do desempenho negativo esperado para a Soja (-1,3%), o maior impacto é esperado na safra do milho (-5,6% ou -7 331 066 t).

Com o primeiro prognóstico para o próximo ano indicando uma safra de 308,5 milhões de toneladas, entretanto, é importante frisar que 2023 foi recorde e, sendo assim, há uma base de comparação relativamente elevada. 

No último mês, a variação anual foi positiva em todas as cinco regiões, indicador puxado pelo Sul (23,9%) do País, e seguido pelo: Centro-Oeste (23,6%); Norte (23,0%); Sudeste (9,2%) e a Nordeste (7,5%). 

Já as alterações mês a mês, os aumentos foram vistos no Norte (1,3%) e Centro-Oeste (0,3%), enquanto Sudeste e Nordeste tiveram estabilidade e o declínio foi observado no Sul do País (-1,9%). Mato Grosso do Sul aparece como destaque nessas estimativas de produção frente ao mês anterior 

Conforme o IBGE, a variação positiva no Estado é referente à produção, de 594 061 t, de produtos agrícolas em Mato Grosso do Sul. MS é seguido nesse quesito apenas por Pará (231 654 t), Rondônia (720 t) e Bahia (74 t). 

Condições climáticas

Quanto às condições climáticas vistas em outubro, enquanto os municípios mais ao Sul enfrentaram chuvas que acumularam até entre 250 e 300 milímetros, aquelas cidades mais ao norte não passaram de 50 mm. 

Exemplificando a situação, enquanto Mundo Novo anotou o acumulado de chuva mensal (356,4 mm) – 110% acima da média histórica -, Rio Verde de Mato Grosso observou-se apenas 22,4 mm acumulado no mês de outubro, ou seja, 82% abaixo da média histórica.

Também, pelo próximo trimestre que se encerra em janeiro de 2024, a climatologia indica que as chuvas no centro-norte de Mato Grosso do Sul ficarão ligeiramente abaixo, o oposto na região extremo sul. 

Ainda, a probabilidade para incidência do fenômeno El Niño é de 100%, com a maior intensidade justamente observada entre novembro deste ano e janeiro de 2024. 

Outro impacto do fenômeno pode ser a amplificação das altas temperaturas, que já castigaram o sul-mato-grossense, resultando em uma nova onda de calor no Estado.

Importante registrar que não só as temperaturas influenciam nas safras, com os cultivos influenciados pelas chamadas “condições edafoclimáticas”, que compilam as características de relevo, umidade do ar, radiação do solo e mais como influenciadores específicos em cada cultura. 

Fonte: Correio do Estado