Fim de imposto é outra aposta para fazer vingar uso de gás natural em veículos

Em pacote de medidas, gestão visa beneficiar motoristas com GNV; veículos representam 0,27% da frota estadual

O frentista Sandro Ayala abastece um veículo com gás natural. (Foto: Thays Schneider)

O incentivo ao uso de combustíveis menos poluentes, assinado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) em seu pacote de medidas para reduzir impostos, já é assunto nos postos de combustíveis de Campo Grande.

Uma das ações anunciadas é a isenção do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e redução de 12% na alíquota sobre a venda do GNV (Gás Natural Veicular) em Mato Grosso do Sul.

No Auto Posto Petrobras, localizado na Avenida Afonso Pena, o frentista Sandro Ayala, de 33 anos, pontuou que a isenção irá colaborar com a adoção do combustível, que segundo ele, oferece até 40% de economia.

“O posto foi um dos primeiros a realizar esse tipo de abastecimento, e por conta da variação do preço dos combustíveis durante a pandemia, a procura aumentou. Atendemos pessoas de fora e por conta da demanda, a gestão estuda implementar a instalação do kit aqui mesmo”, disse o funcionário.

Segundo nota divulgada à imprensa, mais de 7 mil motoristas serão beneficiados com desoneração estimada em R$ 10,5 milhões para os veículos que serão isentos do imposto, além de R$ 1 milhão para as vendas internas do combustível.

Embora o número seja empolgante, a reportagem apurou que apenas 4.771 veículos estão registrados no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) com uso de GNV. Segundo a plataforma de estatísticas da administração, o número equivale a 0,27% da frota estadual de 1.767.346 automóveis.

Atualmente, além de pagar pelo kit e a conversão, que custa aproximadamente R$ 6 mil, o motorista gasta R$ 450 na vistoria de aferição do Inmetro; R$ 100,96 de vistoria veicular anual; R$ 93,85 de autorização para mudar as características do veículo; R$ 201,45 de vistoria após a instalação do kit e, por fim, R$ 290,88 para emissão do novo CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo).

Para o motorista de aplicativo Paulino Amarilha, de 55 anos, o gás natural está presente em sua rotina há mais de 15 anos. Questionado pela reportagem, ele afirmou que a economia é um dos pontos principais sobre o uso do combustível renovável.

“Se estivesse usando a gasolina, por exemplo, gastaria de R$ 120 a R$ 150 por dia. Com o gás, o valor varia de R$ 50 a R$ 70. Para quem corre pela cidade o dia todo, isso representa um gasto menor. O abastecimento é rápido, dura poucos minutos e é totalmente seguro”, explicou.

O incentivo para o uso do GNV já existe em outras cidades. A cidade do Rio de Janeiro concede a redução de 13% sobre o valor de comercialização do produto, além de oferecer desconto de até R$ 2 mil sobre o valor da instalação do kit, instalado no porta-malas dos veículos.

Fernando Pericles, de 32 anos, também é motorista de aplicativo e conta que fez a troca durante o aumento do preço da gasolina, em 2020. “Quando o valor do combustível estava beirando em R$ 7, optei pela instalação do kit para economizar durante o transporte de passageiros. Gastava cerca de R$ 200 com gasolina para ganhar o mesmo valor nas corridas”, relatou.

Conforme noticiado pelo Campo Grande News, o programa tem com base o projeto e indicações do deputado Gerson Claro (PP), aprovado pela Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul) em 2019.

Fonte: Campo Grande News