Fumaça da Amazônia atravessa o país; Inmet emite alerta para 15 estados e DF; Ministério Público cobra mais brigadistas
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Altas temperaturas, umidade baixíssima, milhares de focos de incêndio. Como previram os meteorologistas, o mês de setembro tem mostrado por que é um período crítico no Brasil do ponto de vista climático, ambiental e social. Enquanto os institutos de controle ambiental identificam o agravamento das condições climáticas, autoridades debatem medidas para enfrentar o desmatamento e combater as queimadas, entre outras providências.
A fumaça provocada pelos incêndios recordes registrados na Amazônia nos últimos dias já chegou ao Sul do Brasil, conforme a empresa de meteorologia MetSul e a Empresa de Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Segundo o monitoramento, as condições meteorológicas criaram um corredor de ventos que transportou a fumaça ao longo de milhares de quilômetros, de norte a sul da América do Sul.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por sua vez, identificou, por meio de satélites, 3.432 focos de calor na Amazônia entre as 21h de domingo e 21h de segunda-feira. Foi o pior dia de queimadas na Amazônia neste ano, superando os 3.224 focos de calor registrados nesse bioma em 30 de agosto.
Segundo a MetSul, a fumaça produzida por esses incêndios está sendo transportada para o Sul do Brasil por um corredor de vento a cerca de 1,5 mil metros de altitude. A corrente transporta ar mais quente, causando aumento de temperatura na metade norte gaúcha.
Em Santa Catarina, o Epagri já constatou a presença de fumaça que, segundo as imagens de satélite, tem origem na Amazônia e de forma geral no Norte do país. Mas o Estado do Sul enfrenta a fumaça no céu desde o mês passado.
O Coordenador do Laboratório de Climatologia Geográfica da Universidade de Brasília, Rafael Franca, explica que “todos os meses do ano, não somente setembro, estão com temperaturas mais altas que o normal”. Segundo ele, os invernos e os verões estão mais quentes, e as ondas de calor têm ficado mais longas com o passar dos anos.
O especialista comentou os efeitos desses fatores climáticos na Amazônia. “O (fenômeno climático) El Nino influenciou bastante a última estação chuvosa. Os principais rios amazônicos já estavam com níveis um pouco ruins. Agora, com essa seca clássica que a gente está passando, isso se agrava. Essa semana, por exemplo, o Rio Madeira, em Rondônia, atingiu o menor nível”, observou Franca.
Os impactos não se limitam ao meio ambiente. Em Rio Branco, por conta da cortina de fumaça que cobre grande parte da Região Norte, mais de 20 mil estudantes da capital acreana tiveram as aulas suspensas. Na semana anterior, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tomou a mesma precaução. Em Rondônia, o governo estadual cancelou o desfile de 7 de Setembro deste ano.
Alerta laranja
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja de perigo para baixa umidade para 15 estados e o Distrito Federal. Serão afetados pelo tempo seco os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de partes de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia.
Nesses locais, a umidade relativa do ar não deve passar dos 20% e há risco de incêndios florestais e à saúde da população. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o limite ideal da umidade relativa do ar é em torno de 60%.
O Inmet orienta a população a beber mais líquido e evitar atividades físicas e exposição ao sol nas horas mais quentes do dia. Também é importante que as pessoas intensifiquem o uso de hidratante de pele e umidifiquem os ambientes.
O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação civil pública contra a União, pedindo a liberação urgente de verbas para a contratação de brigadistas. De acordo com o órgão, no último dia 22, foi expedida uma recomendação para a contratação de mais de 450 brigadistas e disponibilidade de aeronaves para combate aos incêndios na Região Norte. Como o MPF não obteve resposta, recorreu à Justiça.
Na ação, o MPF solicita de forma urgente que o governo federal libere a verba para contratação de 15 brigadas com 30 brigadistas temporários cada. E também que garanta equipamentos de proteção individual e de combate ao fogo, aeronaves com capacidade para transportar até 12 mil litros de água em cada voo e helicópteros equipados com dispersores de água. É sugerido, inclusive, que a União requisite bombeiros militares de outros estados, como alternativa à contratação.
Fonte: Correio Braziliense