Segundo a titular da pasta, médicos especialistas tentam desafogar unidades
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Atualmente, Campo Grande conta 225 leitos distribuídos nas seis UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). De acordo com a secretária de saúde, Rosana Leite, nos últimos quatro meses as unidades vêm apresentando uma superlotação, o que acabou ocasionando uma fila de mais de 100 pacientes por vaga hospitalar. Ainda, a titular da pasta acrescenta que a ocorrência é comum neste período do ano, por conta de alguns fatores, como acidentes de trânsito.
A Sesau (Secretaria Municipal de Campo Grande) vem monitorando o atendimento nas unidades de saúde e as situações de plantão. Com o relatório é possível notar que desde agosto há uma tendência no aumento nos atendimentos médicos. Neste domingo (22), por exemplo, foram atendidas 2.389 pessoas nas unidades de pronto atendimento.
“A média diária em dias normais é de 2.500 a 3.500 atendimentos. Foi um domingo com volume atípico, acima do habitual, que normalmente é de 1.500 atendimentos. Segunda-feira temos o maior volume de atendimentos, de terça a sexta há uma redução gradual, no sábado temos uma diminuição geral, exceto à noite, com leve aumento e domingo, uma alta durante o horário de almoço”.
Existem vários fatores que influenciam o aumento no atendimento neste final de ano, um deles é o aumento de acidentes devido a festas, diretamente ligado ao consumo de álcool e uso de drogas, que inclusive, é um dos tópicos. A população é orientada a evitar comportamentos de risco.
“A população é alertada a tomar cuidado, essa é uma das recomendações. As maiores ocorrências são as primárias, como situações como acidentes automobilísticos ou emergências médicas graves, exemplo o infarto, temos alta incidência de pacientes agitados devido ao uso de drogas ilícitas”.
Por conta do aumento na demanda, as equipes médicas ficam sobrecarregadas. Pacientes devem permanecer no máximo 24 horas, mas podem ficar mais tempo dependendo do caso. “Algumas unidades estão com equipes incompletas, por conta da dificuldade de reposição devido a férias e atestados”, esclarece a secretária.
As unidades estão operando acima da capacidade, além disso, atualmente há 128 pacientes adultos aguardando vaga hospitalar, um dos problemas é que muitas macas estão retidas. “Aumento de pacientes aguardando leitos hospitalares, a média anterior era de 80 a 90 pacientes. Atualmente está acima de 100 pacientes, desde setembro. Por lei, o paciente tem que ficar até 24 horas internado, contudo, a permanência média nas UPAs aumentou de 24 horas para até 5 dias”.
Na tentativa de desafogar as unidades, a Sesau implementou ações, como as equipes móveis de especialistas, estratégia adotada desde março de 2023. O deslocamento de médicos generalistas é enviado para UPAs com maior demanda, reduzindo o tempo de espera.
“Visitam pacientes nas UPAs, realizando atendimentos especializados diretamente no local. Os médicos usam medicamentos específicos, como antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos nas UPAs para evitar transferências desnecessárias. Temos uma ampliação de medicamentos, estoque reforçado para atender casos mais complexos diretamente nas UPAs, incluindo pneumonia e desidratação em idosos”
Situação nos Hospitais
O atendimento é limitado, com baixa capacidade de ampliação de leitos. Vale lembrar que o Executivo não tem domínio sobre o Hospital Universitário, nem o Regional. Em 12 horas, a Santa Casa recebeu 33 pacientes, um fluxo considerado elevado para a secretaria.
Em relação a capacidade da rede hospitalar de Campo Grande, a área pediátrica atua com normalidade, no entanto, o UTI Neonatal tem uma taxa de ocupação acima de 100%. O pronto-socorro da Santa Casa tem 6 leitos, mas a ocupação atual é de 12 pacientes, sendo 2 intubados que aguardam vaga no CTI (Centro de Terapia Intensivo).
“A Santa Casa recebeu mais de 70 pacientes precisando de neurocirurgia na última semana devido a acidentes. A maioria são de Campo Grande, alguns do interior aguardando atendimento ou transferências. O Hospital Universitário recebeu cinco pacientes nas últimas 12 horas e o Hospital Regional também recebeu cinco pacientes no mesmo período”
A Dra. Rosana explica que há limitações para ampliação de leitos, os hospitais públicos informaram incapacidade de ampliar leitos por falta de estrutura ou recursos humanos. E Hospitais filantrópicos (Santa Casa, Pênfigo, São Julião), relataram falta de capacidade para ampliação de leitos e profissionais. “O SUS não contrata diretamente profissionais para hospitais, sendo responsabilidade da instituição”
Medida de prevenção
A titular da pasta pede à população para usarem as USFs (Unidade de Saúde Familiar) para evitar complicações de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, além de ser uma medida para ajudar a desafogar as unidades de pronto atendimento.
“Muitos pacientes desconhecem que podem ser atendidos em USFs próximas de suas residências. Os problemas relatados de pacientes que foram informados erroneamente de que não havia atendimento disponível, isso é impossível. Precisamos informar a população sobre os atendimentos disponíveis nas USFs, pois lá tem atendimentos que ajudariam a diminuir a procura nos UPAs”
Fonte: O Estado