HU planeja deixar regulação municipal em até 60 dias

Atualmente, o hospital tem apenas 30 leitos de urgência e emergência; a ideia é que o atendimento passe a ser focado em cirurgias eletivas com a saída da rede

Gerson Oliveira

O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS) – ou simplesmente HU – espera que em 60 dias a unidade possa ser desvinculada da Rede de Urgência e Emergência (RUE) da Capital. A medida já vem sendo discutida entre a gestão do centro médico e a Prefeitura de Campo Grande, faltando apenas o Executivo fechar contrato com a mudança.

De acordo com a superintendente do HU, Andréa de Siqueira Campos Lindenberg, e o gerente administrativo da unidade, Carlos Alberto Moraes Coimbra, as conversas estão avançadas com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).

“É um desejo que já está bem avançado, porque a gente tem, nesse momento, o apoio municipal, a gente já fez toda a negociação com o município de Campo Grande, a gente tem o apoio da nossa universidade, da sede da Ebserh [Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares], que é a empresa que administra o hospital, e já está previsto, inclusive, aguardando um contrato para ser assinado. A gente espera que em curto prazo isso aconteça”, declarou Andréa ao Correio do Estado.

A saída do Hospital Universitário da RUE, porém, não significa que o Pronto Atendimento Médico (PAM) do hospital será fechado: o que os gestores querem é que o número de vagas da unidade seja respeitado. Assim, com a saída da rede de urgência, o HU receberá pacientes nessas condições apenas se houver leitos disponíveis. Hoje, são 30 leitos ao serviço do PAM.

“Ao participar da Rede de Urgência e Emergência, o que acontecia no passado recente [é que] a regulação sempre mandava pacientes acima da capacidade. A gente já chegou a ter momentos que, além das 30 vagas no Pronto Atendimento, a gente tinha 70, 80 pacientes a mais, e aí fica todo o estresse para a equipe assistencial, que tem que se desdobrar para cuidar de todos esses pacientes”, explicou Coimbra.

“E diferente de um hospital filantrópico, um hospital privado, nós, por sermos um hospital público federal, não temos a agilidade na contratação de mão de obra pontual. A gente não tem essa flexibilidade porque dependemos de concurso público”, complementou.

Além de ficarem sobrecarregados, os gestores da unidade relatam que a superlotação do HU também causava prejuízo financeiro para o hospital.

“A gente tinha um número X de leitos no nosso pronto atendimento, e por conta dessa questão da caracterização da vaga zero pelo sistema de regulação, muitas vezes a gente tinha um quantitativo de pacientes muito superior a nossa capacidade. Com isso, a assistência ficava prejudicada, a nossa força de mão de obra, extremamente sobrecarregada, um prejuízo na questão de insumos, porque a gente tinha um planejamento para X leitos e acabava tendo Y. Sem contar que eram pacientes que a gente não poderia faturar em nível de SUS [Sistema Único de Saúde], porque o faturamento vem proporcional ao número de leitos, independentemente do número de pessoas que eu tenho internadas”, salientou a superintendente.
Ainda, ao sair da rede de urgência, também permitirá que o hospital foque em uma área em que há grande necessidade em Campo Grande e no Estado como um todo: as cirurgias eletivas.

“A gente vai sair da RUE para que, em eventual momento, o hospital não receba paciente de vaga zero e se dedique às cirurgias eletivas”, disse o gerente administrativo.

“No passado, o pronto atendimento nosso era sobrecarregado, e a pirâmide de cirurgias nossas ficou invertida, porque 80% das nossas cirurgias eram de urgência e emergência e 20%, eletivas. A partir do momento que a gente tem o respeito dessa capacidade hospitalar, essa pirâmide se inverte. Então, a gente fica com a urgência e emergência com 20% das cirurgias eletivas e 80% para as cirurgias eletivas”, 
reforçou Coimbra.

Fonte: Correio do Estado