“Ideia era criar impacto social e situação de caos”, diz PGR em julgamento de golpistas

A subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio, se manifestou, nesta segunda-feira (20/5), para tornar os integrantes do núcleo 3 em réus. Grupo é suspeito de elaborar plano para matar autoridades

Foto: Rosinei Coutinho

A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu, nesta terça-feira (20/5), que os 12 integrantes do chamado “núcleo 3” da tentativa de golpe de Estado se tornem réus no Supremo Tribunal Federal (STF). A subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques apontou que os acusados agiram “concretamente para a efetivação de um golpe de Estado”. 

Esse grupo de denunciados é suspeito de plano para matar autoridades com o objetivo de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. A PGR destacou o planejamento minucioso da trama golpista.

“A denúncia descreveu em todos os detalhes os fatos que tiveram início ainda em meados de novembro, com a reunião na residência do general Braga Netto para o planejamento das ações de neutralização de autoridades. A partir daí se viu a compra de celulares, a anonimização dos participantes, o monitoramento das autoridades que seriam eventualmente neutralizadas, presas, enfim, até o dia 15 de dezembro, data marcada para execução da medida das ações”, disse.  

O núcleo 3 é composto por 12 pessoas, sendo militares da ativa e da reserva do Exército e por um policial federal (veja a lista completa). Segundo a PGR, esse grupo promoveu ações táticas para concretizar o golpe. Uma dessas táticas teria sido uma campanha pública deliberada para pressionar o Alto Comando das Forças Armadas a aderir a trama golpista.  

Eles são denunciados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. 

Segundo a subprocuradora, o crime não se concretizou apenas porque Bolsonaro não teve o apoio do comando do Exército da Aeronáutica. Ela destacou que o plano de assassinato tinha como objetivo criar um “fato de grande impacto social” para manter o ex-presidente no poder após a derrota nas urnas. 

“Previram que para criar o clima necessário a esse conjunto de ações, a assinatura do decreto, a instalação do gabinete de crise do golpe de Estado, era necessário que acontecesse um fato que causasse um grande impacto social, uma situação de caos que mobilizasse as massas no sentido de apoiar o golpe”, disse ela. “A ideia era realizar o sequestro, a prisão e até mesmo a morte de autoridades que desempenhavam papéis relevantes na estrutura do Estado, entre eles o presidente eleito e o seu vice”, afirmou. 

Até o momento, três grupos viraram réus na Suprema Corte pelo conluio, sendo 21 acusados. Entre eles, Jair Bolsonaro, apontado como o líder do chamado “núcleo crucial”. De acordo a Procuradoria, o ex-chefe do Executivo tinha ciência e participação ativa em uma trama golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também é descrito um plano de assassinato contra autoridades e o apoio aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 como a última cartada do grupo criminoso.  

Caso a Primeira Turma aceite a denúncia da PGR, os acusados se tornarão réus e passarão a responder a uma ação penal. O colegiado é formado pelos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.

Veja quem faz parte do núcleo 3

  • Bernardo Romão Correa Netto (coronel);
  • Cleverson Ney Magalhães (coronel da reserva);
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira (general da reserva);
  • Fabrício Moreira de Bastos (coronel);
  • Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel);
  • Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel);
  • Nilton Diniz Rodrigues (general);
  • Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel);
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel);
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel);
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel);
  • Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal).

Fonte: Correio Braziliense