Imigrantes de várias nacionalidades investiram mais de R$ 1,5 bilhão no Brasil entre os anos de 2011 e 2018. A informação foi obtida por especialistas do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra) e consta de um relatório sobre os fluxos migratórios que o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou ontem (22).
Segundo o coordenador científico do observatório, o professor do Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília, Leonardo Cavalcanti, em apenas sete anos, os imigrantes investiram R$ 1.565.245.869,00 em negócios no Brasil. Dinheiro integralmente captado no exterior e alocado em diversos negócios, como hotéis, pousadas, restaurantes e pequenos estabelecimentos comerciais.
Só em 2018, o Brasil obteve mais de R$ 186,3 milhões em investimentos feitos por imigrantes já autorizados a viver no país, ou que tinham pedido autorização prévia para residência. O montante é duas vezes superior aos R$ 92,99 milhões registrados em 2017. Do total acumulado no ano passado, R$ 111 milhões foram investidos por imigrantes que já viviam no país e R$ 68 milhões por aqueles que aguardavam resposta ao pedido prévio de residência.
“É um valor considerável, um investimento potente que os imigrantes fazem no país”, disse Cavalcanti, explicando que estes empreendedores vêm principalmente da Itália, França, Japão e Coreia. E que buscam oportunidades de negócios por todo o território brasileiro.
A maior parte destas pessoas tem entre 20 e 39 anos, é do sexo masculino e possui ensino médio ou superior completo. As duas nacionalidades mais comuns entre os imigrantes são os haitianos (que, inclusive, continuam sendo a principal fonte de mão de obra imigrante para o mercado de trabalho brasileiro formal), os venezuelanos e bolivianos.
A versão do Relatório Anual do Observatório das Migrações Internacionais aponta que, entre 2011 e 2018, 774,2 mil imigrantes se fixaram no Brasil de forma legal, com todo amparo legal. Destes, 492,7 mil se encaixam na categoria que especialistas classificam como imigrantes de longo termo, ou seja, aqueles que, geralmente, permanecem no país por mais de um ano.
Para o coordenador do OBMigra, além de aproveitar os investimentos em negócios, o Brasil precisa seguir o exemplo de países que têm procurado atrair pessoas dispostas a adquirir uma casa para residirem ou terem onde ficar de tempos em tempos. Segundo Cavalcanti, a Resolução Normativa nº 36, aprovada no ano passado, já trata das vantagens concedidas a estrangeiros que invistam em ativos imobiliários, mas é necessário dar maior publicidade a isto no exterior.
*Informações Agência Brasil