Polícia Federal enviou ontem pedido para a inclusão da deputada. Mais cedo, o STF havia determinado a prisão da parlamentar que está nos Estados Unidos

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A Interpol incluiu, nesta quinta-feira (5/6), o nome da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), na lista de difusão vermelha. A ação ocorre um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a prisão imediata da parlamentar — que deixou o país por condenação na Corte. Estar na lista é um pedido às autoridades policiais em todo o mundo para localizar e prender provisoriamente uma pessoa enquanto aguarda extradição.
O pedido brasileiro foi enviado pela Polícia Federal, ontem, para a sede da Interpol em Lyon, na França. Carla Zambelli informou que deixou o país nesta semana, quase um mês após ser condenada pela Primeira Turma da Suprema Corte por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela está na Flórida, Estados Unidos, tem planos de seguir para a Europa.
Moraes também marcou uma sessão da Primeira Turma da Corte, para esta sexta-feira (6/6), para julgar o recurso da defesa da deputada contra um pedido de prisão preventiva.
O ministro do STF ordenou o bloqueio de todos os passaportes da deputada, inclusive, o diplomático, bem como de seus bens, contas bancárias, investimentos, veículos, imóveis, embarcações e aeronaves. As medidas visam garantir o pagamento das multas e a reparação dos danos, cujo valor mínimo foi fixado em R$ 2 milhões.
Foi determinado também o bloqueio de todas as redes sociais utilizadas por Zambelli. O conteúdo das contas deverá ser preservado pelas plataformas, e os dados cadastrais enviados ao STF. A Câmara dos Deputados será notificada para bloquear salários e quaisquer verbas destinadas à parlamentar, redirecionando os valores ao pagamento integral da multa.
Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O chefe do órgão, Paulo Gonet, afirmou que não se trata de antecipação de cumprimento de pena e que a prisão é necessária para a aplicação da lei penal. O ministro concordou com o argumento.
“A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da decretação da prisão em razão da fuga do distrito da culpa, quando demonstrada a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal”, diz trecho da decisão.
O ministro afirmou que, após a saída do país, Zambelli “declarou que pretende insistir nas condutas criminosas, para tentar descredibilizar as instituições brasileiras e atacar o próprio Estado Democrático de Direito”.
“Lamentavelmente, o intuito criminoso de Carla Zambelli permanece ativo e reiterado, insistindo a condenada — mesmo que de modo atabalhoado e confuso — na divulgação de notícias fraudulentas, no ataque à lisura das eleições e nas agressões ao Poder Judiciário”, escreveu Moraes.
Segundo a Polícia Federal, Carla Zambelli saiu pela fronteira terrestre com a Argentina em 25 de maio, por meio de Foz do Iguaçu (PR). Por meio de nota, Zambelli afirmou que a determinação do STF pela sua prisão preventiva é “ilegal, inconstitucional e autoritária”.
“O ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio da conta de Instagram do meu filho, João Zambelli, um jovem de apenas 17 anos que está iniciando sua trajetória na vida pública. Com isso, não atacou apenas a deputada ou a cidadã Carla Zambelli. Ele atacou uma mãe”, completou.
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Fonte: Correio Braziliense