Intervalo de seis meses restringe 3ª dose á maioria dos idosos da Capital

Capital, que aplicou 2ª dose a idosos de 99 anos no dia 1º de março, limita terceira dose a quem completou a imunização até 28 de fevereiro; demanda é baixa

O intervalo de seis meses da aplicação da segunda dose para a dose reforço, recomendado pelo Ministério da Saúde e pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), está barrando a maioria dos idosos de Campo Grande a receberem a terceira dose da vacina contra a Covid-19.

É que a cidade limita a aplicação aos idosos completamente imunizados até 28 de fevereiro, enquanto a aplicação em massa da 2ª dose, para pessoas de 99 anos ou mais, só começou no mês de março.

Apesar de a Capital ter liberado a aplicação da terceira dose do imunizante da Pfizer para reforçar a imunização de idosos, apenas 279 pessoas se encontram aptas para receber o reforço.

Os profissionais dos polos de imunização relatam que esta baixa a procura pela dose reforço, até porque, a maioria dos idosos já completamente imunizados, não se enquadram no limite de seis meses de distância da terceira para a segunda dose. “Esperamos que a busca aumente nos próximos dias”, relatou o auxiliar de vacinação, Luiz Escobar.

Calendário incompatível

Por mais que a prefeitura de Campo Grande tenha aberto a terceira dose para idosos com mais de 75 anos, que receberam a segunda dose até 28 de fevereiro, raramente encontrará pessoas que se enquadrem neste critério.

A prefeitura de Campo Grande só começou a imunizar idosos – do público em geral – a partir do dia 1º de março. 

Naquele dia, a segunda dose estava disponível para pessoas com idade acima de 99 anos. A vacinação foi avançando, até que em 6 de março, somente pessoas com 90 ou mais recebiam a segunda dose.

A julgar pelos critérios estabelecidos pelas doses de reforço, somente a partir do dia 1º de setembro é que a demanda pela dose de reforço deve aumentar, e ainda gradativamente.

Campo Grande é a única cidade de Mato Grosso do Sul aplicando a terceira dose e uma das primeiras no país.

A aplicação do reforço contra a Covid-19 foi iniciada na quinta-feira (26) em idosos que moram em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs). Até o momento, 142 idosos receberam o reforço vacinal na Capital.  

Outro lado

A reportagem do Correio do Estado, questionou o Sesau a respeito do recorte do público. Segundo a secretaria, “O Município mantém a faixa etária mais baixa, caso haja algum idoso vacinado com a chamada “xepa” e esteja dentro do período estabelecido”. 

Desde início da imunização em Campo Grande, algumas pessoas se vacinaram antecipadamente com as sobras das vacinas no final do dia de imunização, visto que os frascos com as doses não podem ser reaproveitados no dia seguinte, possibilitando a famosa “xepa da vacina”.

A secretaria também informou que a primeiro momento a aplicação da terceira dose está autorizada somente para idosos acima de 60 anos e imunossuprimidos. 

A ampliação para outros públicos deve ser autorizada pelo ministério ou deliberada em reunião da CIB.

Confusão

Direcionando-se apenas pela idade, campo-grandenses tem se dirigido aos polos de vacinação para receber dose reforço e estão retornando para suas casas sem imunização.

Este foi o caso de Antônia Lúcia de Oliveira de 82 anos, uma das muitas pessoas que compareceram no polo de imunização do Guanandizão para receber a terceira dose, pois se encaixava no grupo de idade divulgado pela Sesau, mas não no grupo de data e por isso não foi vacinada.

“Eu nem parei para ler muito, vi que tinha a idade recomendada e vim, mas não prestei atenção na recomendação de seis meses, o moço acabou de me informar que não vou me vacinar agora, precisarei voltar daqui 10 dias”, informou Antônia.

Segundo as orientações das organizações de Saúde a imunização reforço só pode ser realizada em quem tomou a segunda dose da vacina contra a Covid a seis meses.  

De acordo com pesquisas, a partir do sexto mês de imunização, o grau de imunidade tem decaído, principalmente nas pessoas mais velhas.

O infectologista André Barbosa defende que a terceira dose seja aplicada idosos e pessoas com comorbidades uma vez que estes públicos respondem com mais dificuldade à vacinação no esquema comum de duas doses no tempo definido pela bula.  

Ainda conforme o especialista, a terceira dose é necessária porque, com o tempo, a proteção oferecida pela vacina cai como aponta alguns estudos, por isso o aprazamento entre uma dose e outra.

“As vacinas aplicadas no Brasil têm mostrado bons resultados de eficácia e já podemos notar que os imunizantes cumpriam o que prometeram nos ensaios clínicos, pessoas que tomam as duas doses, em grande maioria, não desenvolvem quadros graves da doença. Contudo, nenhuma das vacinas irá garantir uma imunidade permanente, ou seja, que a gente tome e fique imune durante toda vida. A urgência com certeza são idosos e pessoas com comorbidades”, apontou Barbosa.

Ritmo da vacinação

De acordo com dados do vacinômetro disponibilizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mato Grosso do Sul tem 43.74% da população com esquema vacinal completo.

Desde o início da imunização no Estado, 3.050.288 doses foram aplicadas. Até o momento, 1.818.887 sul-mato-grossenses receberam a primeira dose, 974.173 receberam a segunda dose e 234.729 receberam a dose única.

Campo Grande tem 68.04% de vacinados e 45,6% de imunizados, segundo dados do vacinômetro disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).

Este número representa 616.477 campo-grandenses que tomaram uma dose da vacina e 413.152 pessoas que tomaram as duas doses ou dose única.

A campanha de imunização contra Covid-19 começou em 18 de janeiro deste ano em Mato Grosso do Sul. O objetivo é imunizar pessoas contra a doença para diminuir o número de casos, óbitos, internações e conter a pandemia.

  • fonte: Correio do Estado