Investigações não descartam organização criminosa e grupos de internet na tragédia


(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Do som dos disparos ao silêncio do luto. Mais uma tragédia que marca o ano de 2019, que ainda está em seu terceiro mês.

Dois jovens encapuzados entraram na escola estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano (SP), mataram cinco alunos, duas funcionarias e por fim se suicidaram, totalizando assim 10 mortes. Todo o barulho dos primeiros momentos do atentado foi aos poucos sendo tomado pelo silêncio.

Momentos depois do ocorrido, nos arredores da escola, bloqueios da polícia mantinham afastados os moradores da região, que calados acompanharam de longe o trabalho das autoridades.

Um dia após o fato que chocou o Brasil, autoridades locais começaram a fazer investigações para tentar descobrir possíveis ligações que levaram os jovens a cometerem tal atrocidade.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, afirmou na manhã desta quinta-feira (14), que o Ministério Público não descarta a possibilidade da atuação de uma organização criminosa na tragédia. No mesmo dia do ataque, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi escalado nas investigações, para tentar descobrir se outras pessoas estão envolvidas no crime.

Segundo o procurador-geral, o Ministério Público vai atuar com o núcleo de investigações cibernéticas do Gaeco na apuração de dados e contatos que Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e o adolescente G. T. M., de 17, mantinham pela internet.

Foi detectado que os dois faziam parte de fóruns de jogos de violência na internet, ligados a videogames. Logo após o ataque, surgiram indícios da participação dos autores em um fórum virtual conhecido como Dogolachan, um grupo de ódio na deep web – espaço da internet inacessível por navegadores comuns e com menos regulação.

O mesmo já foi alvo de uma operação da Polícia Federal que resultou na prisão de Marcelo Valle Silveira Mello, apontado como um dos líderes do fórum.  “Vamos investigar os computadores, os indícios nas residências deles, os locais que frequentavam e os vínculos com outras pessoas”, afirmou Smanio.

O grupo de investigações especiais também ira atrás de informações que desvendem como os jovens tiveram acesso as armas, munições e outros artefatos utilizados no momento do crime, em especial o revólver .38. O promotor Rafael Ribeiro do Val foi nomeado para atuar no caso.

Os trabalhos estão sendo conduzidos pela Delegacia de Polícia Central de Suzano. Na quarta, os investigadores ouviram testemunhas e os pais dos autores.

*Com colaboração do Estadão