Sancionada em 2023, a campanha Janeiro Branco se tornou oficial em todo Brasil na luta pela conscientização da saúde mental . A lei 14.556/23, que foi instituída em abril do ano passado, consiste na promoção de campanhas, palestras e discussões, com o intuito de alertar o brasileiro a respeito da importância do cuidado com a saúde socioemocional.
A lei declara que nos meses de janeiro serão realizadas campanhas nacionais de conscientização da população sobre a saúde mental, que abordarão a promoção de hábitos e ambientes saudáveis e a prevenção de doenças psiquiátricas, com enfoque especial à prevenção da dependência química e do suicídio, conforme estipulado no artigo 2ª da sanção.
Em entrevista ao Jornal da Hora desta quinta-feira (18), o médico psiquiatra, Dr. Marcos Estevão dos Santos Moura, destacou a importância do cuidado constante com a mente. Conforme ele, o indivíduo chega a perceber que não está bem, mas espera que o sentimento seja momentâneo, o que se mostra uma inverdade.
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com mais casos de ansiedade no mundo, e lidera o ranking de depressão na América Latina. Os índices refletem no número de suicídios: cerca de 14 mil casos por ano, uma média de 38 por dia. No mundo, a taxa é de um suicídio a cada 40 segundos.
Segundo o Dr. Marcos Estevão, os sintomas decorrentes de doenças mentais são perceptíveis no comportamento do dia a dia do cidadão, mas nem sempre recebem a atenção devida.
“Nós precisamos nos preocupar com algumas alterações que acontecem no dia a dia. Uma ansiedade maior ou menor, uma alteração no sono, no apetite, nas necessidades básicas da vida. […] O grande problema é que a primeira pessoa a perceber é ela própria e ela esconde isso como algo natural e só depois então as outras pessoas que estão ao redor começam a perceber”, destacou.
A partir do Janeiro Branco a sociedade poderá desenvolver a conscientização da importância de buscar o tratamento para as doenças mentais. Para o Dr. Marcos Estevão, o grande objetivo da campanha será alcançado quando o cidadão desenvolver a esperança de dias melhores e a partir desta esperança, ele poderá buscar o tratamento.
“Nós temos que fazer campanhas para as pessoas enxergarem a luz no fim do túnel, enxergarem que existe uma possibilidade de saída, para se darem mais um pouco de chance no tratamento e para se darem mais um dia, porque às vezes mais um dia te ajuda a dar a volta por cima e encontrar novas soluções para seus problemas”, disse.
Conforme o doutor, entre as formas de cuidar da saúde mental além dos tratamentos psicológicos e psiquiátricos também estão práticas diárias como fazer atividades físicas pelo menos três vezes por semana, ter uma alimentação saudável, uma noite de sono de qualidade, lazer com amigos e família e a espiritualidade. Para o doutor, o ser humano que tem essas práticas também tem uma tendência a ser mais feliz e a resolver os seus problemas de ordem mental com muito mais facilidade.
Foto e texto por Reuel Oliveira