TRE-PR analisa ações que acusam o senador de abuso de poder econômico nas eleições de 2022
A desembargadora Cláudia Cristina pediu vista (mais tempo para análise) no julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que pode levar à cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Com a suspensão, a votação será retomada na segunda-feira (8).
O pedido veio após o desembargador José Rodrigo Sade votar a favor de cassar o mandato do senador. Ele divergiu do voto do relator, Luciano Falavinha, que votou para rejeitar o pedido de cassação. Agora, o placar está 1 a 1.
O TRE-PR retomou nesta quarta-feira (3) o julgamento das ações que acusam o senador de abuso de poder econômico nas eleições de 2022.
Ainda faltam os votos, além de Cláudia Cristina, de Julio Jacob Junior, Anderson Ricardo Fogaça, Guilherme Frederico Hernandes Denz e Sigurd Roberto Bengtsson.
O TRE-PR destinou, além da sessão de 8 de abril, a do dia seguinte, 9, para continuidade do julgamento, se for necessário.
Uma eventual condenação no caso levará à cassação do mandato de Moro e à inelegibilidade por oito anos. Neste cenário, a Justiça Eleitoral teria que convocar uma eleição suplementar para escolher um novo senador paranaense.
Ações
Os processos em julgamento foram movidos pelo PL e pela federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV.
As siglas acusam o ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça de ter desequilibrado a disputa ao Senado no Paraná por gastos que consideram excessivos durante a pré-campanha.
No final de 2021 e começo de 2022, Moro esteve em pré-campanha à Presidência da República. Depois, desistiu e tentou ainda disputar o Senado por São Paulo até ser barrado pela Justiça Eleitoral. Só então passou a concorrer em seu estado de origem.
Segundo as ações, esse contexto teria beneficiado Moro com estrutura, exposição e limite de gastos maiores, se comparado aos seus adversários que tentavam se eleger senador pelo Paraná.
Para o desembargador Sade, que votou nesta quarta, a pré-campanha à Presidência da República beneficiou Moro quando ele mudou de disputa para o Senado pelo Paraná.
Segundo o desembargador, o volume total de gastos feitos em todo o período da pré-campanha de Moro foi muito superior aos dos seus concorrentes no Paraná.
“Até as eleições, acabou ele (Moro) gastando muito maios recursos do que os demais candidatos que disputavam com ele a vaga de senador, porque até determinado ponto, seus gastos tinham por base o teto de uma campanha presidencial, o que a meu ver implicou em completo desequilíbrio do pleito em questão”, disse.
“Não é possível apagar os caminhos que Moro percorreu”, acrescentou.
Sade ocupa a cadeira destinada aos advogados no TRE. Ele chegou ao tribunal por nomeação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a partir de lista tríplice aprovada pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
Fonte: CNN Brasil