Senadora Tereza Cristina (PP) derrotou poderosos, ex-poderosos e até Bolsonaro para eleger a primeira prefeita da história de Campo Grande (MS)
Além de eleger Adriane Lopes (PP) prefeita de Campo Grande, as eleições deste domingo (27) também definem a senadora Tereza Cristina (PP) como maior articuladora da direita em Mato Grosso do Sul. Sozinha, ela enfrentou e derrotou praticamente todas as lideranças políticas regionais em um dos estados mais direitistas do país.
A lista dos ‘atropelados’ por Tereza Cristina inclui desde antigos aliados, como o ex-governador Reinaldo Azambuja e seu articulador Sérgio de Paula, que tentaram emplacar Beto Pereira (PSDB) ao invés de apoiar o projeto da senadora, até o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.
Bolsonaro preferiu apoiar o candidato tucano e deixou sua ex-ministra da Agricultura sozinha em Campo Grande. Acabou rachando a direita em Mato Grosso do Sul. Além disso, passou vergonha já no primeiro turno, quando o candidato do PSDB ficou para trás, implicado em denúncia de corrupção no Detran-MS.
No segundo turno, o ritmo da campanha seguiu na base do ‘todos contra Tereza’. Assim, Reinaldo Azambuja, presidente estadual do PSDB, junto de seus aliados, embarcou tacitamente na campanha de Rose Modesto, onde já estavam diversos nomes de esquerda.
Tereza Cristina ‘descolou’ Riedel de Reinaldo
Tereza cobrou o ‘jaguané’ que levou no primeiro turno, quando Reinaldo e o atual governador, Eduardo Riedel (PSDB), foram até Bolsonaro conseguir o apoio do ex-presidente para o candidato tucano. Dessa forma, no segundo turno, Riedel descolou de Reinaldo e ficou com Tereza.
A decisão do governador, que embarcou na candidatura de Adriane Lopes (PP), diminuiu para o Governo o impacto da derrota no primeiro turno com Beto Pereira.
No entanto, Tereza Cristina prefere manter a postura de articuladora e evita tripudiar sobre o batalhão de poderosos e ex-poderosos que derrubou ao construir a vitória da primeira mulher eleita prefeita de Campo Grande com voto direto como cabeça de chapa.
Ao Jornal Midiamax, a senadora Tereza Cristina (PP) avaliou que a guinada de partidos à direita como o PP e o PL comprovam que Mato Grosso do Sul é um ‘estado conservador’. Sobre a estrondosa vitória política, ela se limita a dizer que ‘o momento agora é para fortalecer a direita’.
No entanto, enquanto modestamente desconversa sobre o ‘tombo’ que os adversários levaram ao baterem de frente com ela, Tereza deixa escapar uma risada logo contida.
Adriane Lopes: aposta de Tereza Cristina contra ‘todo mundo’
Tereza Cristina bancou o projeto de Adriane Lopes (PP) para a prefeitura de Campo Grande como uma aposta pessoal. Enquanto o PSDB juntava todo mundo numa aliança inflada para o primeiro turno, ela ousou bancar uma chapa pura.
Para isso, enfrentou até mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que havia declarado apoio ao candidato do PSDB, numa jogada que ficou marcada como traição e expôs o racha da direita em MS.
Houve momentos tensos, com direito a deputado federal prometendo autocastração, destituição de presidência no partido bolsonarista e muita briga nos diretórios pelo destino do fundo eleitoral que chegou a MS.
Tereza Cristina avalia que a direita não ficou unida nas eleições municipais, mas defende que é o momento de fortalecer a direita em MS. “Temos que consolidar, nos unirmos. Não tivemos toda a direita junta, mas as eleições mostraram que temos um caminho e temos que ter inteligência. Deixar as vaidades de lado e pensar no Brasil que queremos”, avaliou.
“Bolsonaro fez uma opção ao centro e errou”: o recado de Tereza ao PL
Sobre a relação política com Bolsonaro, Tereza Cristina reafirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) errou no 1º turno. “Não fiquei feliz. Mas, ele fez uma opção, uma opção ao centro. Mas agora veio no 2º turno, conversamos e falamos para ele que tinha errado. Reconstruí minhas pontes com ele e a Michelle veio aqui. Tenho conversado com ele”, comentou.
Assim, ela acredita que o resultados nas urnas, principalmente, em Campo Grande, vão impactar nas eleições de 2026. “Avalio que 2026 teremos aqui, tanto o PP como o PL como forças políticas. Temos que ver os desdobramentos disso, já que o PSDB tende a se fundir e fazer uma federação a nível nacional e aqui no Estado. Já vimos um movimento do PSDB indo para o PL aqui no Estado. Vamos ver como essas forças se juntam para 2026″, avaliou.
Além de Campo Grande, o partido liderado pela senadora viu seu número de cidades administradas pela sigla aumentar em MS. Com isso, definições para as próximas eleições devem passar por Tereza Cristina e por seu partido. “Hoje o PP faz 16 prefeituras com a vitória em Campo Grande. Vai passar pelo PP”, declarou.
Quanto à próxima gestão de Adriane, Tereza Cristina pontua que fez parte desse projeto. “Campo Grande ganha. Foi uma eleição muito disputada entre duas mulheres. Adriane vai ter quatro anos para ter seu projeto. Campo Grande tem muitos problemas que precisam ser resolvidos e ela vai deixar sua marca aqui”, concluiu.
Adriane Lopes é reeleita em Campo Grande
Mais votada no primeiro turno, Adriane Lopes (PP) manteve a vantagem nas urnas e foi eleita prefeita de Campo Grande neste domingo (27), segundo turno das eleições municipais. No primeiro turno, a prefeita recebeu mais de 140 mil votos e no segundo turno, 222.699 votos na preferência dos eleitores. A eleição está com 100% das urnas apuradas.
Adriane Lopes é advogada e chegou até a prefeitura como vice-prefeita em 2016, sendo reeleita para o mesmo cargo em 2020 ao lado do então prefeito Marquinhos Trad, na época, no PSD. Adriane foi a primeira mulher eleita a ocupar o cargo de Chefe do Executivo e tomou posse em abril de 2022, quando Trad renunciou à prefeitura para disputar as eleições de governador.
A prefeita segue no primeiro mandato até dezembro e, em janeiro de 2025, assume o novo mandato no Paço Municipal. Apadrinhada pela senadora de MS, Tereza Cristina (PP), Adriane lançou a pré-candidatura em 19 de julho de 2024.
- fonte: Jornal Midiamax