Até a última semana, 192 estabelecimentos particulares de ensino protocolaram pedidos para retomar as aulas presenciais todos os dias.
De acordo com a Prefeitura de Campo Grande, as instituições protocolaram o termo de compromisso na Vigilância Sanitária do município, descrevendo todas as regras de biossegurança para que as aulas fossem retomadas.
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As escolas enviaram, segundo a prefeitura, o termo com todos os regramentos em resolução, como taxa de ocupação, distanciamento, disponibilização de álcool em gel e local para higienização periódica das mãos, além do uso obrigatório de máscaras pelos alunos, pais e profissionais da educação.
Uma das escolas que enviou o protocolo e teve autorização da prefeitura foi a Sesc Escola Horto. De acordo com a gerente do local, Marlucy Rodrigues, para o retorno das aulas foi encaminhado um plano de contenção de risco à prefeitura e à Vigilância Sanitária, que analisaram as propostas e aprovaram o retorno das aulas conforme descrito no documento.
“A gente fez um plano de contenção de risco e tem tudo aquilo que está no decreto, como é feita a organização e como pretendemos retornar. Com a aprovação, montamos na escola a estrutura, com álcool em gel e tapetes higienizadores, para poder retornar às aulas. Esse documento é entregue para que se possa ver como estamos funcionando”, explica Rodrigues.
Segundo a gerente, mesmo que as escolas tenham seguido todos os protocolos de biossegurança determinados pelas autoridades sanitárias, os pais de alunos da Educação Infantil podem optar entre ir à aula presencialmente ou participar por meio de videoaulas.
Apesar de as informações repassadas à reportagem do Correio do Estado indicarem que em algumas turmas quase todos os alunos da instituição estão na mesma sala de aula, Marlucy garante que na modalidade presencial o público é limitado à metade da capacidade de cada sala de aula na Educação Infantil.
Para os demais anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, a capacidade é de 30%, com sistema de rodízio para atendimento presencial. “As salas de aula são sanitizadas duas vezes ao dia e todas estão equipadas com dispe nsers de álcool 70% em gel, tapetes sanitizantes nas entradas da escola e o uso da máscara é obrigatório para todos os profissionais e alunos acima de seis anos”.
Além da modalidade presencial, são ofertadas para aqueles que não desejam retornar às atividades nas escolas transmissões ao vivo dos conteúdos, que ficam gravados para acesso a qualquer momento. Segundo a assessoria das escolas Sesc, ao longo de 2020, o índice de frequência às aulas on-line do Sesc Escola Horto foi de 94%, totalizando 413.053 acessos.
“Como temos o on-line, tem muitos pais que optam pelas aulas em casa. Esses pais ainda aguardam um pouco porque têm receio de mandar a criança, mas outros já estão encaminhando com tranquilidade”, explica Marlucy.
Decisão
De acordo com a escola, a decisão de retorno presencial foi tomada com as famílias dos alunos. Rodrigues explica que foi feita uma pesquisa com os responsáveis, que optaram pelo retorno. “Os que não quiserem terão de aguardar o próximo mês, com o próximo levantamento. Desta vez, só voltou o porcentual [de alunos] possível. Ainda contamos a parte da organização da escola, são dois alunos por mesa, e atendemos a capacidade da sala – tem salas que comportam um determinado número de alunos –, respeitando o distanciamento”.
Danna Prado tem uma filha de quatro anos que está no nível II. A mãe diz que o ano passado foi um período muito complicado e que o ensino a distância não foi pedagógico. Danna participou da decisão e afirma que se sente tranquila com a segurança proposta pela escola.
“O retorno foi um pedido dos pais, as aulas dela [filha] serão todos os dias, o que é melhor. Nós pedimos o retorno presencial, a escola apresentou uma proposta para a prefeitura e foi autorizada”, relatou a mãe, enquanto esperava pela filha no portão da escola.
investigação
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) recebeu nove denúncias de pais de alunos contra escolas particulares de Campo Grande. Entre os fatos comunicados, muitos pais reclamam que as escolas estariam forçando os responsáveis a enviar os alunos a aulas presenciais, acabando, assim, com as transmissões via internet das aulas remotas.
Outra denúncia recebida relata que em uma instituição as crianças estariam fazendo lanches comunitários, prática que também é proibida por causa da possibilidade de contágio pela Covid-19.
Segundo a promotora Vera Aparecida Bogalho Frost Vieira, titular da 28ª Promotoria de Justiça de Campo Grande e coordenadora do Grupo de Atenção Especial de Educação (Geduc), neste início de ano, algumas instituições foram visitadas para verificar irregularidades.
Para Bogalho, algumas escolas estão optando pelo ensino presencial “porque é mais simples”. Mas, segundo a promotora, o responsável tem o direito de exigir o ensino remoto. “Se o aluno está matriculado, eles não podem descumprir o decreto. Se tiver um pai que quer aula remota, essa escola tem de respeitar a vontade dele”, afirmou em entrevista ao Correio do Estado.
O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), afirmou em coletiva na quinta-feira (4) que vai apurar as denúncias contra escolas particulares da Capital que estariam descumprindo regras estabelecidas pela prefeitura por meio de decreto.
- Fonte: Correio do Estado