O número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em Mato Grosso do Sul ultrapassou o total de contaminados pela doença. Ao longo da pandemia, o Estado já registrou 204.096 confirmações de casos e vacinou 210.811 pessoas com a primeira aplicação em três meses de campanha.
De acordo com a infectologista Mariana Croda, o cenário apresentado indica a proteção apenas para um público específico em um momento de alta circulação viral, ou seja, ainda não causa impacto na situação epidemiológica de Mato Grosso do Sul.
“A chamada imunidade coletiva só é atingida quando um porcentual significativo da população estiver imunizado. Nesse cenário, ainda há muita luta pela frente”, afirma.
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A infectologista diz que ainda não há uma estimativa certa da porcentagem de vacinados para que haja um impacto na pandemia, no entanto, estima-se que seja necessário vacinar cerca de 60% a 70% da população.
“E só então haverá controle da epidemia e a doença se tornará endêmica, com poucos casos e sem pressão dos sistemas de saúde”.
A infectologista destaca que, mesmo com a vacinação, é muito importante continuar seguindo as medidas de biossegurança e restrições até que a taxa de imunizados esteja mais elevada. “E isso vai continuar por tempo indeterminado ainda”, analisa.
Muito a se fazer
Segundo a infectologista Ana Lúcia Lyrio, o número ainda não tem muita relevância para a situação de Mato Grosso do Sul, já que grande parte da população não recebeu o imunizante e apenas a primeira dose não garante proteção contra o vírus.
“Lembrando que a cobertura é somente após a segunda semana da segunda dose. Isso já estamos observando nos profissionais de saúde”.
Lyrio explica que os impactos começarão a surgir a partir do momento em que a imunização atingir uma porcentagem acima de 70% da população, no entanto, o vírus ainda vai continuar circulando. “O primeiro impacto é nos óbitos e internações. Mas a circulação viral ainda se mantém”.
Em um ano de pandemia, Mato Grosso do Sul registrou 204.096 confirmações de infecção por coronavírus. Mesmo antes do fim de março, o número ultrapassou o total de fevereiro com mais de 2 mil casos, chegando em 22.568 notificações – 1.265 ocorreram entre segunda-feira e ontem.
No mesmo período também foram notificadas 41 mortes pelo vírus, totalizando 3.895 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia.
De acordo com o Vacinômetro, o Estado já recebeu 420.319 doses desde o dia 18 de janeiro deste ano. Ao longo de três meses, já foram 210.811 aplicações da primeira dose e 83.525 da segunda.
O porcentual de vacinados, aqueles que só receberam a primeira aplicação, está em 7,62% em relação à meta populacional de imunização que é de 90%, ou seja, 2.528.455 sul-mato-grossenses.
Campo Grande
A Prefeitura de Campo Grande ampliou a faixa etária e os locais de vacinação para tentar aumentar o número de imunizados na Capital e evitar o colapso do sistema de saúde. O objetivo é atender até 10 mil pessoas por dia durante esta semana e atingir o público-alvo de pessoas com mais de 67 anos de idade amanhã.
“Estamos fazendo o possível, estamos buscando dar à população uma segurança maior. A vacina está em uma quantidade menor do que esperávamos, mas em Campo Grande o porcentual está acima da média nacional”, afirmou ao Correio do Estado o prefeito Marcos Trad.
Dados do Vacinômetro apontam que Campo Grande está com 7,89% da população vacinada com a primeira dose, 96.692 aplicações, e já recebeu 123.578 doses dos imunizantes Coronavac e AstraZeneca. A taxa de imunizados, pessoas que receberam a primeira e a segunda aplicações, está em 2,78%.
“Nós temos uma população de 915 mil habitantes e vamos chegar até sábado com 118 mil campo-grandenses vacinados. Se você pegar esse porcentual, no Brasil a média é de 6%, Campo Grande vai chegar a quase o dobro de pessoas vacinadas”, detalhou Trad.
Seguindo o calendário preestabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), hoje idosos de 70 e 69 anos serão vacinados. Amanhã, pessoas com 68 e 67 anos. Na sexta-feira, idosos com 67 anos ou mais poderão receber o imunizante. Já no sábado, quem perdeu o dia de vacinação durante a semana terá outra chance para se imunizar.
Leitos
O plano de aceleração da vacinação no Estado foi instituído em razão da alta taxa de ocupação de leitos atual. Pela sexta vez em março, Mato Grosso do Sul bateu novo recorde de hospitalizados, com 1.108 pessoas internadas, sendo 634 em leitos clínicos (434 públicos; 200 privados) e 474 em leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) (349 públicos; 125 privados).
De acordo com dados do sistema Mais Saúde, o Estado está com 99,24% de ocupação de leitos clínicos e de UTI para Covid-19. Em Campo Grande, a ocupação chegou a 101,93%. A ocupação global de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) na macrorregião de Campo Grande está em 110%, na macrorregião de Dourados, 101%, na de Três Lagoas, 91%, e na de Corumbá, 100%.
- Fonte: Correio do Estado