Mato Grosso do Sul quer revacinar 1.383.681 pessoas que tomaram a segunda dose ou a dose única de vacinas contra a Covid-19. Esse número é referente a pessoas de 18 a 59 anos que já completaram o esquema vacinal.
A aplicação da terceira dose respeitará um tempo mínimo de quatro meses após a segunda dose ou dose única da vacina.
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O anúncio foi feito ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). A decisão ocorreu após o Ministério da Saúde autorizar a ampliação da dose de reforço para além dos idosos e dos imunossuprimidos, pedido que já havia sido feito na semana passada pela SES.
“A aplicação da terceira dose vai funcionar como as anteriores, fomos pioneiros na vacinação, chegamos em nosso auge em agosto deste ano, quando atingimos a imunidade rebanho, e entendemos que a manutenção é necessária. A decisão do Ministério [da Saúde] vem ao encontro do que a nossa equipe técnica já apontava”, afirmou o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende.
De acordo com nota divulgada pela SES, atualmente, estão em estoque aproximadamente 349.700 doses de vacinas, entre AstraZeneca (18.700), Pfizer (307.000) e Coronavac (24.000).
Além disso, há outras 157.971 doses que estão na rede de frio dos municípios. Sendo assim, Mato Grosso do Sul tem em estoque o total de 507.671 doses.
CAMPO GRANDE
No entanto, cabe aos municípios decidir a forma de fazer a aplicação dessas doses de reforço.
Em Campo Grande, por exemplo, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que seguirá o critério de faixa etária para a revacinação – ontem as doses foram destinadas para pessoas acima dos 59 anos que tinham tomado a dose única ou a segunda dose há quatro meses.
A terceira dose começou a ser aplicada na Capital na tarde de ontem e, segundo funcionários que atuam no polo de vacinação da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), até as 16h cerca de 50 pessoas já haviam procurado o local para receber o reforço.
“Já vacinamos aqui nesse drive-thru cerca de 2.800 pessoas por dia. Esperamos, sim, um aumento de busca pela terceira dose nos próximos dias. Durante a tarde o movimento sempre é mais fraco, ainda mais hoje com a chuva. A média de vacinação aqui no drive da UCDB por dia é de 160 pessoas. Hoje já passaram por aqui de 50 a 60 pessoas buscando receber a terceira dose”, contou o coordenador de Vacinação do Drive-thru UCDB, Damásio Filho.
Uma dessas pessoas foi Luiz, que preferiu não informar o sobrenome. Aos 60 anos ele foi até a UCDB para tomar a dose de reforço.
“Eu acredito, sem dúvida, no fortalecimento da imunização contra a Covid-19 com essa terceira dose, toda família está na expectativa de receber a terceira dose, tem que tomar vacina, todos precisam buscar a vacinação, se cuidar e cuidar dos outros ao seu redor para que não passemos novamente por uma pandemia como esta”.
O engenheiro civil Paulo Sanches, de 27 anos, também esteve ontem no drive da UCDB para tomar a segunda dose.
“Estou animado com a terceira dose, vou tomar a segunda agora já pensando na terceira. Na minha opinião, toda oportunidade de se proteger é válida, e se o Ministério da Saúde entende que devemos tomar a terceira dose, então irei tomar”.
Para esse reforço, as secretarias de Saúde, tanto do Estado quando do município, informaram que serão aplicadas, preferencialmente, as doses do imunizante da Pfizer, entretanto, para quem se vacinou com a Janssen, de dose única, a segunda aplicação será feita também com esse imunizante.
Segundo o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e médico infectologista Julio Croda, essa foi uma orientação da própria farmacêutica.
“A Janssen recomendou a segunda dose, nos Estados Unidos está sendo feito. O que o Ministério da Saúde fez foi acompanhar o que já é feito em outros países. A terceira dose, nesses casos, só deve vir depois de cinco meses desta segunda aplicação”, explicou
CAMPANHA
Para o infectologista, a aplicação desta terceira dose é importante, porém, a vacinação das pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose ou ainda não procuraram os polos de vacinação para completar o esquema vacinal também deve ser o foco das autoridades.
“Não são coisas excludentes, tem que garantir o esquema vacinal completo para toda a população, esse é o ideal. A gente deve ter a inclusão da vacinação para crianças de 5 a 11 anos agora, mas precisamos também buscar quem ainda não tomou nenhuma dose ou que ainda não foi tomar a segunda e está com ela em atraso”, afirmou o infectologista.
“A terceira é importante, no sentido de garantir um pouco mais de eficácia para as vacinas depois de um tempo, mas não adianta ter a terceira dose e não ter mais de 80% da população total com as duas doses”, complementou.
Segundo Croda, o surto que vive a população indígena de Mato Grosso do Sul mostra que, com o tempo, as vacinas podem ter uma queda na sua efetividade, por isso a importância de se tomar uma terceira dose. Entretanto, esse reforço tem a finalidade de evitar casos sintomáticos da doença.
“É importante avançar com a dose de reforço, mas não esquecer que o principal é garantir o esquema vacinal. A dose de reforço vai contribuir para casos assintomáticos, mas tem pouco ganho em caso de hospitalização e óbitos, para isso, é necessário a primeira dose”, salientou o infectologista.
Em Mato Grosso do Sul, pelo menos 54.375 pessoas ainda não tomaram nenhuma dose dos imunizantes disponíveis, segundo cruzamento de dados do Vacinômetro com a estimativa populacional feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020.
Na Capital, a prefeitura informou na semana passada que 39 mil pessoas ainda não haviam tomado nenhuma dose.
“O que nós precisamos é dar agilidade nesse processo, precisamos fazer que aqueles que se negam a tomar a vacina se conscientizem e se vacinem. Vamos fazer campanhas marcantes para incentivar a vacinação, o Ministério da Saúde precisa assumir esse papel, fazer uma mídia que chame aqueles que não tomaram segunda dose, os negacionistas”, declarou Resende.
4,1 MILHÕES DE DOSES APLICADAS
Em Mato Grosso do Sul, 4.146.896 doses foram aplicadas até ontem. Esse número contabiliza 1.967.940 primeiras doses, 235.035 doses únicas, 1.647.929 segundas doses e 293.882 doses de reforço.