MS tem a 6ª maior desigualdade salarial entre homens e mulheres

Ministério do Trabalho aponta que a média salarial de mulheres é de R$ 2,9 mil contra R$ 3,9 mil dos homens

Foto: Correio do Estado

A disparidade salarial entre homens e mulheres apresentou uma queda de 1,8% em Mato Grosso do Sul. Mesmo assim, o abismo da média de remuneração entre os gêneros é de 25,32%, conforme o terceiro Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios divulgado pelo governo federal. No ano passado, homens recebiam 27,11% a mais. 

No comparativo com as outras unidades da federação, o Estado figura como o sexto colocado no ranking de disparidade salarial entre mulheres e homens no País.

Ainda de acordo com o relatório do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a falta de equidade é ainda maior quando comparada à remuneração média, chegando a 33,91% – ou R$ 990 –, considerando que a média salarial de mulheres em Mato Grosso do Sul é de R$ 2.919,14, contra R$ 3.909,03 dos homens.

O indicador de salário contratual médio para a mulher no Estado é de R$ 1.841,00, enquanto para o homem é de R$ 2.299,65. Em Mato Grosso do Sul, foram registrados 81.613 vínculos trabalhistas de mulheres e 138.644 homens, uma proporção de 36,51% de mulheres. 

Para o cálculo, o relatório se baseou em 640 empresas com 100 ou mais funcionários.

Segundo o economista Eduardo Matos, a disparidade salarial é uma questão mais estrutural do que propriamente cultural. “É algo que faz parte da formação dos profissionais, e não da alocação desses profissionais no mercado”, pontua.

Ainda de acordo com ele, a questão estrutural está muito relacionada à estrutura das empresas. 

“As empresas, em primeiro lugar, para a contratação de cargos mais altos, muitos gerentes, ainda com um formato tradicional, um formato mais antigo de gestão, acabam optando pela contratação de homens por enxergar que uma mulher, a qualquer momento, pode tirar uma licença maternidade, algo nesse sentido que esse gestor entende como desvantajoso”, relata Matos.

Matos ainda complementa explicando que a região Centro-Oeste ainda vive um momento de adaptação para as novas políticas.

“Somente aquelas empresas multinacionais, empresas de outros estados, empresas muito grandes, acabam adotando isso, muitas vezes para bonificar ou para serem bonificadas pelos sócios, pelos investidores, pelo mercado de modo geral. Então, essas empresas, por maior que seja o nível de emprego gerado, que são aqui do Estado, elas acabam não adotando isso”, avalia o economista.

DIFERENÇAS
Na média nacional, a disparidade ainda é alta, de 20,87%, com um aumento de 0,18% desde o último relatório. O fator racial também segue como um dos maiores desafios no diagnóstico nacional. Por exemplo, mulheres negras ganham, em média, R$ 2.864,39 enquanto mulheres não negras recebem R$ 4.661,06, ou seja, 38% a mais. 

Em Mato Grosso do Sul, mulheres negras ganham, em média, R$ 2.551,45 e mulheres não negras recebem R$ 3.465,76. Uma diferença de 26,4%.

Um dado positivo mostrado pelo terceiro Relatório de Transparência Salarial é que houve um crescimento de 18,2% na participação das mulheres negras no mercado de trabalho. O número passou de 3,2 milhões para 3,8 milhões de mulheres negras empregadas.

Em relação ao número de estabelecimentos com, no máximo, 10% de mulheres negras, houve uma queda na comparação com os dados de 2023, saindo de 21.680 estabelecimentos para 20.452 em 2024. 

Outro ponto positivo é o aumento na quantidade de estabelecimentos em que a diferença é de até 5% nos salários médios e medianos para mulheres e homens.

 A porcentagem da massa de todos os rendimentos do trabalho das mulheres, entre 2015 e 2024, variou de 35,7% para 37,4%. 

“Essa relativa estabilidade decorre das remunerações menores das mulheres, uma vez que o número delas no mercado de trabalho é crescente”, pontuou Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE. 

O número de mulheres ocupadas aumentou de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões (6 milhões a mais) em 2024, enquanto o de homens subiu de 53,5 milhões para 59 milhões (5,5 milhões a mais) no mesmo período.

O relatório também aponta que as mulheres diretoras e gerentes recebem 73,2% do salário dos homens, enquanto as profissionais em ocupação de nível superior recebem 68,5% do salário deles. Já as trabalhadoras de serviços administrativos recebem 79,8% dos salários dos homens.

De acordo com o relatório, as menores disparidades de remuneração entre homens e mulheres estão em estados como Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%), Distrito Federal (9,97%), Piauí (10,04%), Ceará (10,21%) e Alagoas (11,08%). Já na outra extremidade do ranking, com as maiores desigualdades, figuram Paraná (28,54%), Espírito Santo (28,53%), Santa Catarina (27,96%) e Rio de Janeiro (27,82%).