Mundo ‘fit’ e pós-pandemia fazem crescer busca por profissionais da educação física em MS

No mesmo nível, formação de profissionais da área deve superar os registros no CREF11 do ano passado

Depois de quase dois anos de quarentena e surtos de casos de Covid-19, os profissionais de educação física colhem o reflexo do sedentarismo neste ano. A busca pelo ‘mundo fit’ e melhor qualidade de vida faz crescer a procura por registrados no CREF11 (Conselho Regional de Educação Física da 11ª Região – Mato Grosso do Sul). A categoria comemora, nesta quinta-feira (1°), o Dia do Profissional de Educação Física.

O mercado também deve ficar ainda mais concorrido, já que a expectativa do Conselho é de mais 14% novos formados credenciados, considerando que a média de cadastros ativados é de 63 por mês. No ano passado, 850 profissionais se oficializaram no CREF111, enquanto 2022 já somam 661 no banco da categoria entre janeiro e agosto. A presidente do Conselho, Eliana de Mattos Carvalho, acredita em 976 novos profissionais cadastrados até o final do ano.

“Comparado a 2021, este ano deve ter aumento de 100 profissionais. O período pós-pandêmico mostrou que os profissionais precisaram investir em mais conhecimento para atender à demanda de pessoas que voltaram a frequentar a academia, possibilitar mais estudo e cursos especializados. Os espaços que atendem a população, como academias e estudantes, também investiram em reformas de ambientes para cativar o público”, pontua.

Ao todo, o Estado soma 8.996 profissionais ativos formalizados no Conselho, sendo 4.496 em Campo Grande e 4.500 nos demais municípios. O número é baixo para os 2,62 milhões de moradores, segundo o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2020. Ainda assim, a professora garante que, no período da quarentena, movimentos corporais reduziram. Agora, as pessoas estão literalmente ‘correndo’ atrás da melhora no condicionamento físico.

“O exercício pode beneficiar o peso, condicionamento cardiorrespiratório, principalmente no retorno das restrições da Covid, uma doença que atinge o sistema cardiopulmonar. O exercício melhora o humor, a questão hormonal. Todos esses pontos, quando orientados por profissionais de educação física registrados, possibilitam uma prática mais segura e eficaz”.

De janeiro a julho deste ano, o CREF11 recebeu 86 denúncias, a média é de 12 reclamações por mês. As principais irregularidades são de exercício ilegal da profissão, estabelecimentos sem registro e sem profissional para o atendimento.

Mercado competitivo para os profissionais

Na mesma medida que crescem a busca e o número de profissionais formados, o mercado de trabalho fica cada vez mais completivo. Para atrair clientes, a categoria aposta em ‘bombar’ nas redes sociais, o marketing digital dita como ‘venda do peixe’ online. Como é o caso do personal trainer Leonardo Bacchi, que atua na área há sete anos.

“No início foi difícil, como qualquer outra profissão, iniciei como instrutor e depois de um tempo consegui conquistar meu primeiro aluno de personal, a concorrência é sempre muito grande. Um dos desafios também é o fato de personal trainer ser uma profissão autônoma, onde posso ter 20 alunos em um mês e no outro ter 10, o que faz com que seja incerto nosso salário”.

Ou seja, para continuar com a mesma quantidade de alunos, se concentra em postar conteúdos de saúde, conhecimento do nicho e a evolução no resultado de cada cliente. “Indicação também é um método de captação boa, muitos alunos vêm por indicações de alunos antigos e atuais. Outro meio de captação que me ajudou e ajuda é ter sido instrutor de várias academias, o que me proporcionou conhecer pessoas e elas verem meu trabalho”.

Além do mercado saturado, Gabrielle Jordão conta que constantemente tem que lidar com o machismo na área. Formada há cinco anos, critica a falta de credibilidade de alguns alunos, pois, em um mercado em que a maioria é homem, quando começou era direcionada para quem estava começando ou idosos, iniciantes com treinos mais leves.

“Campo Grande tem mulheres excelentes profissionais, mas na cabeça de alguns e a maioria [ter homens na área formados], não dão ouvidos. Apesar de ter bastante procura e a valorização das pessoas que procuram, falta um pouco de qualificação. As pessoas nunca se preocuparam, era o básico da formação que dava para tirar uma renda. O que mudou hoje é um diferencial agregar conhecimento”, disse.

Já que os profissionais investem nos portfólios e redes sociais, Gabrielle pontua que muitos não devem ter ‘ciúmes’ e se acirrar na competitividade porque a busca em alta faz com que cada aluno se identifique com um professor. “A profissão tem muitos desafios, vamos pegando experiências, no começo ficando no balcão. A postura de trabalho e como tratam os alunos é condizente e fazem seu cartão ‘vitrine’. Os alunos costumam repassar”.   

  • fonte: Midiamax