Municípios caem no ranking, mas MS ainda figura como o 5º maior produtor

Maracaju ocupa a 13ª posição entre as cidades que mais produzem soja em todo o Brasil

Foto: Gerson Oliveira

Mato Grosso do Sul se manteve entre os maiores produtores agrícolas em 2022, com destaque para a cultura de soja, e ainda ocupa o 5° lugar no ranking nacional, mesmo com quebra provocada pela estiagem. 

Segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção da oleaginosa totalizou 8,53 milhões de toneladas, resultado 31,5% menor que o de 2021.

O volume, que corresponde a 7,07% da produção do País, teve diminuição de 3,69 milhões de toneladas na comparação com o ano anterior, quando foram produzidos 12,22 milhões de toneladas, que correspondiam a 9% da produzida no Brasil em 2021.

Ainda no âmbito nacional, a pesquisa aponta que há menos cidades de MS entre as que mais produzem no País. Até 2021, três municípios figuravam entre os 20 maiores produtores de soja. Maracaju foi o único que se manteve no ranking, mesmo assim, caiu de 8º maior produtor de soja para 13º.

Com produção recorde de 1,029 milhão de toneladas de soja, Maracaju segue como maior produtor do Estado, mesmo com a queda de 7,7% na produção entre 2021 e 2022. O município aumentou sua participação de 9,1% para 12,0% no período. Em 2021, a cidade produziu 1,115 milhão de toneladas de soja. 

Em Mato Grosso do Sul, a cidade localizada na região sul do Estado também é a primeira em área plantada e, por consequência, valor da produção.

Em 2021, a oleaginosa ocupou 565 mil hectares de área plantada em Maracaju, no ano seguinte, foram 622 mil hectares, ou seja, crescimento de 10,09% em um ano. Já o valor total da produção foi auferido em R$ 5,3 bilhões.

De acordo com a pesquisa, no pódio de municípios sul-mato-grossenses estão ainda Ponta Porã, com 520 mil hectares plantados, tendo registrado em 2021 490 mil hectares, aumento porcentual de 6,12%, e Sidrolândia, com 467 mil hectares em 2021 e 453 mil hectares no ano passado, aumento de 3,09%. Ambas as cidades figuravam entre os 20 maiores municípios produtores do Brasil em 2021.

Ao Correio do Estado, o secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Beretta, representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), relembrou a dificuldade vivida pelos produtores durante a safra 2021/2022. 

“Foi complicada em função do [fenômeno] La Niña, que ocasionou uma estiagem prolongada, porém, conseguimos reequilibrar com o auxílio da tecnologia”.

Beretta enfatiza que a tecnologia foi e continua sendo um grande diferencial para o setor no Estado.

“A tecnologia sempre vai andar na frente, o produtor tem de estar ciente de que o grande investimento que tem de ser feito é em tecnologia, pois vai poder se prevenir de estiagens e também de ataques de pragas, então, a tecnologia sempre estará na vanguarda”, avalia.

RECORDE

O valor da produção agrícola em Mato Grosso do Sul atingiu novo recorde em 2022, com uma receita de R$ 50,1 bilhões – crescimento de 11,6% em relação ao ano anterior.

A área colhida no Estado teve aumento de 13,1%, na comparação com 2021, totalizando 6,9 milhões de hectares em todas as culturas, enquanto na produção de cereais, leguminosas e oleaginosas foram produzidos 22 milhões de toneladas, acréscimo de 22,8%, conforme a PAM.

Na esfera de valorização produtiva, em 2022, Maracaju atingiu R$ 5,39 bilhões, crescimento de 36% em relação ao ano anterior, quando somou R$ 3,97 bilhões.

O município é responsável por 10,8% do valor total da produção agrícola de MS. No cenário nacional, destaca-se como 11º detentor do maior valor entre os 5.563 municípios pesquisados, subindo cinco posições em relação ao ano anterior, quando ficou em 16º.

MILHO

A produção sul-mato-grossense de milho teve recuperação em 2022, impulsionada pelo bom desempenho da 2ª safra. Foram 12,8 milhões de toneladas produzidas, acréscimo de 137,5%, um recorde na série histórica. 

Os produtores investiram na ampliação das áreas de cultivo, que alcançaram recorde de 2,3 milhões de hectares, crescimento de 10,9%. Somado a isso, houve um incremento de 95,4% no rendimento médio do milho 2ª safra, o que turbinou o bom desempenho da produção do grão.

Entre os 30 maiores municípios produtores de milho no País, cinco são de MS: Maracaju (5º, com 1,5 milhão de toneladas); Dourados (10º, 1,08 milhão de toneladas), Sidrolândia (13º, com 1,05 milhão toneladas), Ponta Porã (14º, 1,03 milhão de toneladas) e Costa Rica (22º, com 314.100 toneladas).

Impulsionada pelo bom desempenho da segunda safra, a produção nacional de milho mostrou recuperação em 2022. Foram produzidas 109,4 milhões de toneladas, representando um crescimento de 24,0% (aumento de 21,1 milhões de toneladas).

Para o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo, os resultados apresentados pela pesquisa do IBGE são um excelente indicativo da resiliência dos produtores rurais de Mato Grosso do Sul.

“Tivemos quebra na produção de soja do Estado, que derrubou a produção de 12,2 milhões de toneladas para 8,8 milhões de toneladas. Tivemos também a crise dos fertilizantes, que chegou a aumentar em mais de 200% os preços de alguns desses insumos, indispensáveis para os ganhos de produtividade das lavouras”. 

“Todo esse quadro não impediu que o produtor rural continuasse produzindo, confiante que os altos custos de produção seriam compensados de alguma forma pelos preços de mercado, que também aumentaram consideravelmente no ano passado”, relata o economista.

O saldo de R$ 50,1 bilhões estimado pelo IBGE ficou acima do previsto pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, que esperava que o valor bruto da produção gerado pelas lavouras de Mato Grosso do Sul ficasse em torno de R$ 47,7 bilhões.

“Boa parte deste resultado se deve a outras culturas que não somente a soja. Tivemos uma 2ª safra de milho excelente no ano passado, com produção de 12 milhões de toneladas aqui no Estado, mais do que o dobro das 5,5 milhões de toneladas produzidas na 2ª safra de milho de 2021. Isso ajudou os produtores rurais a recuperar parte dos prejuízos advindos da 1ª safra, dando-lhes expectativas positivas para as safras deste ano”, destaca Melo.

Fonte: Correio do Estado