“Não há democracia sem igualdade de gênero e sem respeito às mulheres”, afirma Gleice Jane durante moção de apoio à Ministra Marina Silva

A deputada Gleice Jane (PT), apresentou Moção de Apoio à ministra e classificou os ataques como machistas, sexistas e ofensivos, caracterizando o episódio como um caso claro de violência política de gênero. Segundo a parlamentar, as declarações tentam dissociar a figura feminina de Marina do seu cargo público, o que evidencia uma tentativa de deslegitimar sua atuação política com base em estereótipos de gênero.

Para Gleice, violência desse tipo não é um caso isolado, mas sim parte de um padrão recorrente na esfera política brasileira. A deputada citou o Relatório de Violência Política de Gênero no Brasil (2020), elaborado pela União Brasileira de Mulheres (UBM), o qual constatou que 15% das candidatas a cargos eletivos nas eleições de 2018 relataram ter sido vítimas de violência.

“Esse dado reforça a gravidade da situação. O enfrentamento à violência política de gênero é essencial para o fortalecimento da democracia e para garantir a participação plena e segura das mulheres em todos os espaços de poder e decisão. Reforçamos que não há democracia sem igualdade de gênero, sem respeito às mulheres e sem o compromisso efetivo com os direitos humanos”, afirmou Gleice.

O episódio

Na última terça-feira (27), durante uma audiência da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi alvo de declarações ofensivas por parte do senador Plínio Valério (PSDB-AM). O parlamentar afirmou que “mulher merece respeito, ministra não”, tentando deslegitimar o cargo da ministra por meio de uma separação entre sua identidade feminina e sua função pública — um claro caso de violência política de gênero.

Infelizmente, esse não foi um fato isolado. Em 14 de março, durante um evento na Fecomércio do Amazonas, o mesmo senador já havia feito uma declaração extremamente agressiva e machista ao dizer: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la.” Esse tipo de fala é não apenas desrespeitosa, mas representa uma ameaça simbólica que visa intimidar e silenciar as mulheres na política.

Essas atitudes expõem um padrão de violência que busca minar a credibilidade e a atuação de lideranças femininas, especialmente em espaços de poder historicamente ocupados por homens. São ações que tentam reduzir a presença feminina a algo secundário e frágil, quando na verdade, é fundamental e legítima.

“A violência política de gênero enfraquece a democracia e é inaceitável em qualquer contexto. Não podemos normalizar o discurso de ódio contra mulheres que lutam por direitos, justiça social e a defesa do meio ambiente, como faz a ministra Marina Silva. Trata-se de um ataque à liberdade de expressão, à autonomia feminina e aos avanços que tanto custaram às mulheres brasileiras”, finalizou a deputada Gleice Jane (PT) durante a sessão desta quarta-feira (28).