“Não tenho dúvidas de que a mão humana foi responsável por esse fogo”, diz presidente do Instituto Homem Pantaneiro

Equipes do Corpo de Bombeiros combatem o fogo durante a noite. Foto: Bruno Rezende

O governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência em cidades afetadas pelos incêndios no Pantanal. O decreto terá duração de 180 dias e permite a mobilização de órgãos estaduais na atuação de ações de combate e prevenção aos incêndios. Em casos extremos, os agentes têm permissão de entrar em residências para prestar socorro, determinar evacuação e usar propriedade particular. 

Diante da situação, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede Sustentabilidade), declarou na segunda-feira (24) em reunião da sala de situação para prevenção e controle de incêndios no Pantanal, que as queimadas são de origem criminosa. “Todos aqueles que fizerem uso do fogo para renovação de pastagem ou para atividade qualquer que seja ela, estará cometendo um delito”. 

Em entrevista ao Jornal da Hora desta terça-feira (25), o fundador do Instituto Homem Pantaneiro, Coronel Ângelo Rabelo, disse que não há dúvidas de que os incêndios são de origem criminosa. Segundo ele, a ação humana justifica a antecipação das datas em que os incêndios costumam acontecer. 

“Não tenho dúvida em afirmar que a mão humana foi responsável por esse fogo. Em alguns casos nós tivemos a suspeita de movimento ao longo da BR 262, inclusive acionamos a PRF, veículos com atitude suspeita e evidência que estavam colocando fogo na BR. Isso é um fato, e outro é que em algumas situações, há comportamentos que são culturais como queimar lixo. Nós começamos na semana passada junto com a PMA,  visitando casas para que o fogo seja usado na cozinha, porque esse fogo começou por atitude irresponsável onde há ignorância do contexto climático”, disse. 

O Corpo de Bombeiros Militar, confirmou à Rádio Hora a possibilidade dos incêndios serem de origem criminosa. O Chefe de monitoramento dos incêndios no Pantanal, 1° Tenente Alexandre de Oliveira destacou que a Polícia Militar Ambiental e o Instituto de Meio Ambiente já estão realizando investigações a respeito do tema. 

A PMA recebeu seis relatórios do Núcleo de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto do Ministério Público e está atendendo três. Os resultados ainda não foram divulgados. 

Período de estiagem

Na última semana, o meteorologista Natálio Abrahão falou em exclusividade à Rádio Hora a respeito da situação climática do estado. Ele destacou que o estado pode estar passando pelo pior período de estiagem de sua história. A falta de chuvas contribui para a ocorrência dos incêndios e na dificuldade do combate. 

““É uma tragédia prevista […] Considerando que há deficiência hídrica, a projeção para os próximos dois meses [nas réguas hídricas]  entre Ladário, Porto Murtinho e Bacia do Apa vai descer, não vai subir. Está em andamento provavelmente a maior estiagem da história de Mato Grosso do Sul. Qual é a maior estiagem de Mato Grosso do Sul? 1996, com mais de três meses de estiagem e isso pode estar a caminho”, disse.

Texto por Reuel Oliveira