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Esses dias tive uma surpresa não muito agradável. Ao levantar de manhã e olhar para a piscina percebi que algo estava errado. A água havia baixado consideravelmente, cerca de 2 palmos. No dia seguinte, mais 2 palmos e assim foi se sucedendo até o quarto dia. Era óbvio que havia um vazamento. Mas onde? Esse era o principal problema. Simplesmente saber sobre o vazamento não ajudava em absolutamente nada, era preciso investigar onde, especificamente, a água estaria escapando. Assim, chamei um profissional que em poucos minutos, após uma apurada investigação, achou o motivo da minha preocupação. Havia um furo no vinil. E lá estava indo embora dia após dia toda a água da piscina. Marcamos então para ele retornar e realizar o tapa buraco. Pronto, problema resolvido. Agora a piscina poderia ser novamente cheia para a alegria de toda a família.
Essa situação me levou a refletir sobre nossa vida financeira. Casos como esse vejo com muita frequência. Famílias tendo problemas relacionados às suas finanças. Mês após mês, falta mais dinheiro para completar os compromissos. Em alguns casos, o volume de dívidas aumenta, mais juros são adicionados, e a sensação é sufocante. A única coisa que se percebe é que existe algo errado, existe um furo. Mas não se identifica onde está de fato o problema, onde está o furo que tem escoado todo o recurso da família.
No meu caso, se eu simplesmente completasse a água que havia ido embora no primeiro dia, eu teria algum sucesso, por algumas horas. Teria a sensação que estava tudo bem e a piscina estaria novamente em nível normal. No entanto, como você pode imaginar, isso seria empurrar com a barriga a minha fatídica situação. Porém é isso que muitas famílias acabam fazendo, ao se depararem com um problema financeiro, acham que a solução seria aumentar as entradas, ou recorrer a um empréstimo, ou um novo parcelamento, para que possa sobrar mais dinheiro e tapar os buracos desconhecidos.
Mas nenhuma solução será eficaz, senão a que identifique onde o furo está e se aplique nele um belo remendo. Assim, nada adianta buscar novas fontes de financiamento ou de renda se a disfunção do orçamento não for corrigida. A exemplo do furo na piscina, que tinha cerca de 1 centímetro, e por ele escorreram milhares de litros de água, assim os furos financeiros podem ser minúsculos ou até imperceptíveis ao primeiro olhar, mas ainda assim são extremamente perigosos e nocivos.
Vejamos alguns exemplos de furos corriqueiramente identificados; pode ser uma parcela de um eletrodoméstico feita há alguns meses, quando essa compra foi realizada a situação era favorável, mas ao longo dos dias novas necessidades surgiram e consumiram novas porções do orçamento e aquela “parcelinha está pesando. O furo também pode ser representado por uma viagem de lazer, onde costumamos ficar mais “mão aberta” e afrouxamos os cintos, porque cremos que merecemos um pouco de descanso e paz. Afinal era uma gasto “insignificante”. Ou ainda refeições rotineiras em restaurantes mais caros. E ainda uma assinatura de streaming ou quem sabe 3 assinaturas de serviços muito parecidos, que acabam se sobrepondo. Essa não é uma lista definitiva, minha intenção é apenas mencionar algumas pequenas frestas que geram grandes estragos.
Então, se de alguma forma você percebe que existe um furo em suas finanças, faça uma investigação bem apurada, seja detalhista, não desconsidere nada, dos maiores até os gastos mais “insignificantes”. Mas se mesmo assim, não conseguir chegar a uma conclusão satisfatória, peça ajuda, assim como precisei de um profissional para a piscina. Depois, faça o que for necessário para tapar o buraco, mesmo que implique em um desconforto momentâneo. Pode significar abrir mão de jantares, um período sem viagens, algum tempo sem streamings, ou algo do gênero. Mas tenha certeza que o esforço de hoje será recompensado amanhã quando você puder acordar e ver a sua piscina novamente cheia.
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Empreendedor e especialista em gestão estratégica pela USP. Atua como conselheiro e palestrante na área de finanças pessoais à luz da Bíblia.