Qual relação poderia existir entre 3 histórias totalmente distintas de épocas e culturas? José do Egito, viveu há mais de 1500 anos antes de Cristo, a Parábola dos talentos foi proferida pelo próprio Divisor da história, e Bill Gates é contemporâneo aos nossos dias, cerca de 2000 anos depois de Cristo.
Conta a história, que José, um jovem hebreu, filho do patriarca Jacó, foi vendido por seus irmãos e parou no Egito, lá viveu por anos como escravo, sendo colocado como administrador da casa e dos bens de Potifar, o oficial do exército da nação. Após um período nessa função, sob uma falsa acusação, ele acaba preso. Na cadeia, como escravo, é posto em função para auxiliar o carcereiro na gestão do lugar. Mais alguns anos se passam, e ele finalmente chega ao ápice de sua carreira, ao interpretar um sonho do imperador, e demostrar propriedade no assunto é alçado a posição de governador, ou a primeiro ministro se fosse nos dias atuais.
Já a Parábola contada por Jesus sobre os talentos, narra que um senhor, se ausentaria do país e antes de partir distribuiu alguns bens entre seus colaboradores, segundo a capacidade que possuíam. Para o primeiro, confiou 5 talentos, para o segundo, 2 talentos e por fim, ao terceiro colaborador confiou 1 talento. Passado algum tempo, o patrão regressa e pede a seus servos que lhe prestem contas sobre o dinheiro confiado. O primeiro havia trabalhado e negociado, dos 5 recebidos, agora apresentou 10 como resultado. O segundo apresentou 4 talentos, havia tido um resultado igualmente fantástico, assim como o primeiro. O terceiro servo, de maneira petulante, simplesmente apresentou o mesmo 1 talento que lhe fora confiado, não havia produzido nada. O desfecho da parábola se encaminha quando o senhor manda tirar esse único talento confiado ao terceiro colaborador e entregar àquele que já possuía 10 talentos sob sua administração.
Agora vejamos um breve histórico de Bill Gates. Mundialmente conhecido como bilionário e filantropo, por vezes uma figura controversa pelos apoios e causas que defende. Em relatos sobre sua trajetória, antes da fama e dinheiro, contam que ele chegou a ingressar na faculdade de Harvad, uma das mais renomadas do mundo. Passado apenas 1 ano, decidiu abandonar seu curso superior e junto a um amigo iniciaram uma empresa no ramo de softwares, conhecida hoje como Microsoft. Bill se tornou o fundador de uma das empresas mais valiosas do mundo, tendo sua fortuna estimada em bilhões de dólares.
Mas a final de contas, o que há de comum entre essas 3 figuras? A base para o sucesso financeiro para José, para os colaboradores da Parábola e para Bill Gates é a mesma, a saber: capacidade! José passou entre 10 a 15 anos como escravo, esse período foi o tempo que ele teve para se capacitar, para desenvolver suas habilidades e dons. Ao ser colocado como administrador da casa de Potifar, ele aprendeu a gerir a fartura, não faltava nada na casa de uma dos homens mais poderosos do Egito, por outro lado, na prisão ele aprendeu a fazer gestão da falta. Não havia nada, ou quase nada para os homens mais desprezíveis do império. Nesse tempo todo, José lapidou suas habilidades para quando a oportunidade aparecesse, e o imperador precisasse alguém capacitado, poderia encontrar. Quando a oportunidade surgiu, José estava pronto.
Essa verdade fica ainda mais cristalina na Parábola de Jesus. Cada servo recebeu segundo a capacidade que possuíam. Mesmo aquele que recebeu 1 talento, tinha a capacidade de cuidar e trabalhar com este recurso. Não lhe foi confiada uma porção maior que poderia suportar. A oportunidade apareceu para os 3 servos ao mesmo tempo, quem estava mais capacitado pode receber mais, simples assim.
O que dizer de Bill Gates, se ele abandou a faculdade? Justamente isso pode parecer contraditório ao primeiro olhar. No entanto, capacitação não se restringe ao banco de uma universidade, é certamente uma opção importante e muito válida, não a única. Por isso, pode-se em um primeiro momento acreditar que Bill tenha simplesmente cortado seus vínculos com a preparação e lapidação de suas habilidades. Mas a verdade é que mesmo saindo de uma importante universidade, suas habilidades não deixaram de ser incrementadas. Impossível crer que a cada experiência dele em programar um novo produto para sua recém criada empresa, tenha sido como uma passe de mágica. Numa noite se senta em frente ao seu computador e na manhã seguinte o Windows havia sido criado, e no dia seguinte estava sendo lançado ao mundo. Cada experiência frustrada lhe conferiu maiores habilidades para a próxima linha de código a ser programada. Certamente precisou buscar novas ferramentas, conversar com outros desenvolvedores, estudar alguns projetos. Em fim, ele precisou tentar, errar, aprender, refazer, aperfeiçoar… Assim como acontece com todos que decidem não enterrar o seu talento.
Para o sucesso financeiro, não há espaço para o acaso. É preciso diligentemente desenvolver suas capacidades. Seja para empreender e desenvolver um novo negócio, seja para gerir uma casa, ou uma penitenciária. Não importa a posição atual, a função ou o grau de instrução. Nada disso é desculpa. Você pode desenvolver suas habilidades e aumentar a sua capacidade das mais variadas maneiras. Pode conversar com pessoas mais experientes, observa-las em seus comportamentos e ações. Se o dinheiro está escasso para ingressar em um curso superior ou adquirir um curso livre, ainda assim há milhões da dados e informações gratuitas disponíveis na internet e sempre existirá um bom amigo para emprestar um excelente livro. Seja como for, desenvolva sua capacidade para estar pronto e subir na próxima oportunidade.
João Victor Faedo – Finanças Pessoais: Empreendedor e especialista em gestão estratégica pela USP. Atua como conselheiro e palestrante na área de finanças pessoais à luz da Bíblia.