Pessoas ainda têm preconceito com quem busca ajuda para tratar depressão, diz psicólogo

Agosto Verde, mês de enfretamento e prevenção à depressão, ainda não tem grande visibilidade no estado

Agosto Verde é destinado às ações de enfrentamento e prevenção à depressão em Mato Grosso do Sul. 

A lei 5.088/2017, de autoria dos deputados Paulos Corrêa (PSDB), Pedro Kemp (PT), e dos ex-deputados Paulo Siufi, George Takimoto e Antonieta Amorim, foi sancionada em novembro de 2017 pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). 

Segundo o psicólogo Cleberson Alves, o preconceito com quem busca ajuda para questões psicológicas e psiquiátricas ainda existe, mas o debate sobre saúde mental ganhou força na última década, o que fez com que a sociedade começasse a enxergar de outra forma. 

“Se estamos doentes fisicamente, buscamos o posto de saúde, fazemos o tratamento e ficamos saudáveis. As doenças mentais precisam ser encaradas da mesma forma, buscar o profissional adequado e seguir o tratamento”, disse Alves.

O Agosto Verde visa promover, através de profissionais qualificados, a intensificação de campanhas públicas, a conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de doenças mentais.

Durante a pandemia foi notório o aumento no número de casos de depressão, causada, muitas vezes, pelo isolamento social. O Brasil lidera nas estatísticas em relação ao número de diagnósticos em comparação aos outros países, com 59%, segundo estudo realizado pela Universidade de Ohio. 

“A pandemia impactou não somente nas condições físicas da população, mas também nos aspectos sociais e afetivos. O isolamento pode ter ocasionado maiores episódios depressivos, de violência familiar, rompimentos de vínculos afetivos e também sociais”, ressaltou o psicólogo. 

Conforme uma pesquisa realizada pela Universidade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) revelou que as mulheres foram as mais afetadas emocionalmente durante a pandemia.

Sendo que 40% correspondem aos casos de depressão, 37% de estresse e 34% de ansiedade. 

Segundo outro levantamento, feito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, as mães apresentaram um agravamento da doença durante este momento.

A pesquisa da UFMS com 822 mães demonstra que 25% das mulheres passaram a apresentar sintomas de depressão, 7% ansiedade e 23% estresse durante a pandemia.

Cleberson Alves lembra que não são todos que têm condições de pagar pelo tratamento em clínicas particulares e que a rede pública tem a necessidade de ampliar o acesso à saúde mental nas UBS, UBSF e Clínicas da Família. 

“Precisamos olhar para a população que não tem acesso e renda para ocupar esses espaços, mas também a reflexão em outros espaços, tais como: escolas, ambientes organizacionais, centros comunitários, igrejas e outros ambientes que tenham acesso a grupos. Promover saúde mental é um papel de todos em conjunto”, concluiu o psicólogo.

  • fonte: Correio do Estado