Comerciantes e representantes de setores autônomos se reuniram na manhã desta segunda-feira (29) com representantes do governo do Estado e da prefeitura de Campo Grande para reivindicar flexibilização nas restrições impostas para a categoria.
Após anunciarem que nada foi resolvido, empresários que estavam no local se exaltaram e ecoaram gritos de “comunistas” e “queremos trabalhar”.
O secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, que participou da reunião e se colocou a disposição para tratar sobre os assuntos debatidos, foi recebido com protestos e indignação dos comerciantes. Ele chegou a permanecer no local, mas após receber exclamações ofensivas, se retirou do tumulto.
O prefeito Marcos Trad (PSD), não se dirigiu ao público.
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O grupo deve se reunir novamente na quarta-feira (31) para continuar a discussão. Segundo a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul (FCDL) e a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), o prefeito alegou que só poderá atender aos pedidos de flexibilizações após o fim do decreto estadual, que termina no dia 4 de abril.
“Isso não nos atende, isso não nos atende, porque a expectativa que nós tínhamos era outra, nós tínhamos a expectativa de já sair daqui hoje com algo emergencial. Quem tem fome, tem pressa”, afirmou o presidente da CDL, Adelaido Vila.
A pauta tratada hoje já havia sido entregue pelo grupo na quinta-feira (25). O grupo promoveu uma carreata contra o “fecha tudo” na Capital e foi recebido pelo prefeito Marcos Trad e também, na governadoria, pelo secretário de Governo e Gestão Estratégica, Sérgio Murilo.
As entidades argumentaram que o varejo de Campo Grande adotou todas as medidas de biossegurança necessárias e que estão sendo penalizados por precisarem fechar as portas sem receber qualquer tipo de auxílio.
“Agora nós temos que pagar a conta pela falta de gestão dos recursos públicos? Essa conta não é nossa. Nós não somos responsáveis por nenhuma morte e não queremos que nenhum trabalhador e entregador morram, só que agora de fome.
Essa é a nossa luta, e lamentavelmente estamos saindo daqui hoje sem uma resposta positiva, depois de tudo que nós fizemos na quinta-feira, a carreata, a proposta que apresentamos aqui”, disse a presidente da FCDL, Inês Conceição.
“Entendemos que todas as atividades são essenciais. Nós não somos negacionistas, nós não estamos negando que existe uma pandemia, nós estamos extremamente preocupados com essa questão, mas todas as atividades são extremamente necessárias.
Atrás de cada atividade tem um trabalhador, uma trabalhadora, tem um empresário, que corre risco, que abre todos os dias e precisa comer, não adiante simplesmente mandar ficar em casa, sem ter apoio, sem ter assistência”, alegou o presidente da CDL, Adelaido Vila.
Em relação à flexibilização, foi reivindicado que atividades comerciais fossem retomadas, observando as medidas de biossegurança, que o toque de recolher fosse acrescido em 4 horas, e começasse a partir de meia-noite, e que todos os segmentos de oficinas pudessem operar.
“Eles não abaixaram os próprios salários, mas nós estamos fechados, tem gente que não tem o que beber, o que comer”, disse emocionada a empresária Luciane Cidadã.
Outra comerciante, Vanessa Freitas, defendeu que o isolamento social não deve ser imposto, apenas seguido por quem deseja.
“Lockdown não vai resolver, precisamos aprender a conviver com o coronavírus”.
No documento apresentado às autoridades, foi pedido ainda permissão para atendimento presencial nas áreas da saúde, como fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, clínicas e consultórios de psicologia.
E o retorno dos eventos realizados por empresas legalizadas, com as devidas restrições e medidas de biossegurança.
Eles solicitaram que fossem incluídos no Programa Prosseguir: óticas, empresas de locação de veículos, serviços de certificação digital, academias de ginástica e musculação, além de berçários e escolas particulares de ensino infantil, fundamental e médio.
Pediram ainda que fossem incluídos no grupo prioritário de vacinação: motoristas de aplicativos de mobilidade urbana, táxis e transporte coletivo; jornalistas, câmeras e técnicos que atuam na área; e advogados.
Outra ponto ressaltado na reunião foi a redução da pauta fiscal do ICMS.
O pedido é que os valores de referência anunciados para 1º de abril, retornem para os de 16 de dezembro de 2020:
- Gasolina comum: de R$ 5,6434 para R$ 4,7328;
- Gasolina premium: de R$ 7,3793 para R$ 6,8736;
- Diesel S-10: de R$ 4,2421 para R$ 3,8338;
- Diesel S-500: de R$ 4,1679 para R$ 3,6944;
- Etanol: de R$ 4,2014 para R$ 3,4400.
Além da suspensão provisória da cobrança do ICMS Garantido, e da postergação do pagamento de impostos e taxas estaduais.
Por último, foi apresentado o pedido de interlocução às instituições financeiras para a viabilização de linhas de créditos para os varejistas sul-mato-grossenses.
- Fonte: Correio do Estado