O volume de receitas do setor de serviços superou as expectativas e manteve a tendência de alta pelo terceiro mês seguido, segundo análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com base na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta sexta-feira, dia 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, o resultado apontou aumento mensal de 0,7%, contra a projeção de retração de 0,5%, esperada pelo mercado. A CNC avalia que o setor deve continuar impulsionando a economia nos próximos meses e projeta crescimento de 2,1% para serviços e de 2,2% para turismo, em 2024, na comparação com o ano passado.
“Seguimos construindo um cenário favorável para as atividades terciárias, que registram um desempenho 13,5% mais alto que o comparado aos níveis pré-pandemia, mostrando o fôlego e a recuperação significativa do setor e reafirmando sua extrema relevância para a economia brasileira”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Mais empregos e baixa variação de preços ajudam
Entre os fatores que justificam o crescimento dos serviços em janeiro está o aquecimento do mercado de trabalho formal, que, no mês, gerou o maior contingente de vagas para o mesmo período nos últimos três anos: mais de 180,4 mil postos.
Além disso, a variação do preço dos serviços em janeiro registrou um aumento de apenas 0,02%, valor inédito para o início do ano.
Reajustes impactam famílias
Os serviços de informação, com aumento de 1,5%, e os profissionais, administrativos e complementares, com 1,1%, puxaram as altas no mês. Já os serviços prestados às famílias registraram retração de 2,7%, por causa dos reajustes ocorridos nas áreas de saúde, com aumento de 0,83%, e alimentação, de 1,38%. “Certamente, os maiores gastos com serviços essenciais como saúde e alimentação impactaram os orçamentos das famílias e, consequentemente, os seus gastos com outros serviços em janeiro”, explica o economista responsável pela análise, Fabio Bentes.
Turismo desacelera
Já o Índice de Atividades Turísticas (Iatur) voltou a indicar retração, desta vez, de 0,7%, em relação a dezembro, quando havia registrado um avanço de 2,6%. Segundo o economista da CNC, a frequência dos reajustes das passagens aéreas, com um aumento de 25,5% no acumulado do ano, e da hospedagem, de 10,9%, tem contribuído para a desaceleração do setor.
Além disso, em 2023, o preço das passagens aéreas registrou acréscimo de mais de 47% e foi o quinto item que mais pressionou a inflação, respondendo por 0,3 p.p. do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou o ano passado com variação de 4,62%. “Tal ritmo de reajustes afetou a demanda pelo transporte aéreo que, por conta da sazonalidade típica do início do ano, registrou redução da quantidade de passageiros transportados em voos domésticos, em relação ao mesmo mês do ano anterior”, complementa Fabio Bentes.
Número de passageiros nacionais diminui
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a quantidade total de passageiros transportados pelas companhias aéreas em voos domésticos, em janeiro de 2024, diminuiu 2%, em relação ao mesmo período em 2023, reduzindo de 8,31 milhões de viajantes nacionais para 8,18 milhões, atualmente. Esta é a primeira queda desde dezembro de 2022. Em relação a janeiro de 2020, período pré-pandemia, a defasagem é de 12%.
Já nos voos internacionais, a quantidade de passageiros transportados aumentou 22%, de 1,90 milhão em 2023 para 2,31 milhões, atualmente. O número de viajantes internacionais é ainda 2% maior que o registrado em janeiro de 2020, 2,27 milhões.
Apesar da retração em relação a dezembro, na comparação com janeiro de 2023, o turismo brasileiro registrou o 34º aumento interanual, um crescimento de 0,6%. Com isso, o volume de receitas das atividades turísticas ainda se encontra 3,5% acima do período imediatamente anterior ao início da pandemia. Há cerca de quatro anos, o setor registrou perda de quase dois terços de suas receitas mensais na comparação com fevereiro de 2020.
Foto: Reprodução Fecomércio
Fonte: CNC