A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau) definiu um Plano de Contingência Municipal de Enfrentamento à Doença pelo Coronavírus 2019, com o intuito de nortear as ações do município, definindo os objetivos e metas, promovendo a prevenção e inibindo a transmissão da doença, tendo como base os protocolos pré-estabelecidos pelo Ministério da Sáude .
Dentre as condutas a serem seguidas estão, a definição de critérios para avaliação de casos suspeitos de infecção por Covid-19, as condutas para notificação e análise das informações das unidades notificantes, busca ativa de caso, surto e óbitos, assim como investigação de comunicantes, bem como a coleta e envio aos laboratórios de referência de amostras clínicas de suspeitos para diagnóstico e ou isolamento viral, além da organização do fluxo de assistência, o que inclui a regulação de casos.
As estratégias para redução da transmissão da doença, por meio do monitoramento e controle dos pacientes já detectados, assim como a capacitação do profissionais de saúde da rede municipal e as atividades de educação, mobilização social e comunicação a serem implementadas também fazem parte das recomendações do plano.
A superintendente de Vigilância em Saúde da SESAU, Veruska Lahdo, esclarece que por se tratar de uma doença e estudo de transmissão o plano deve ser atualizado com frequência, de acordo com os informes e comunicados expedidos pelo Ministério da Saúde em relação a doença.
“Trata-se de uma versão preliminar que iremos alterar a medida em que essas informações sejam atualizadas”, complementa.
O plano traz um panorama da situação epidemiológica no Brasil, além da características gerais sobre a infecção humana por Covid-19, modo de transmissão, período de incubação, manifestações clínicas, diagnóstico laboratorial, definições, fluxo de coleta, armazenamento e envio da amostra e orientações para atendimento ambulatorial, pronto atendimento e hospitalar.
O plano de contingência completo está disponível para download no link abaixo:
Doença
Os Coronavírus causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais, são altamente patogênicos (SARS e MERS). Na infecção Humana por COVID-19 o espectro clínico não está descrito completamente, bem como não se sabe o padrão de letalidade, mortalidade, infectividade e transmissibilidade. Não há vacina ou medicamento específico disponível. O tratamento é de suporte e inespecífico.
Os Coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os Coronavírus animais podem infectar pessoas e depois se espalhar entre pessoas como MERS-CoV e SARS-CoV. No início, muitos dos pacientes com surtos de doenças respiratórias causadas pelo Coronavírus 2019 (COVID-19) em Wuhan, na China,
tinham alguma ligação com um grande mercado de frutos do mar e animais vivos, sugerindo a disseminação de animais para pessoas. No entanto, um número crescente de pacientes, supostamente não teve exposição ao mercado de animais, indicando a ocorrência de disseminação de pessoa para pessoa.
Alguns Coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa a pessoa pelo ar (secreções aéreas do paciente infectado) ou por contato pessoal com secreções contaminadas. Porém, outros Coronavírus não são transmitidos para humanos, sem que haja uma mutação. Na maior parte dos casos, a transmissão é limitada e se dá por contato próximo, ou seja, qualquer pessoa que cuidou do paciente, incluindo profissionais de saúde ou membro da família; que tenha tido contato físico
com o paciente; tenha permanecido no mesmo local que o paciente doente.
O espectro clínico da infecção por Coronavírus é muito amplo, podendo variar de um simples resfriado até uma pneumonia severa. No entanto, neste agravo não está estabelecido completamente o espectro, necessitando de mais investigações e tempo para caracterização da doença. Segundo os dados mais atuais, os sinais e sintomas clínicos referidos são principalmente respiratórios. O paciente pode apresentar febre, tosse e dificuldade para respirar. Em uma avaliação recente de 99 pacientes com
pneumonia confirmada por laboratório como COVID-19 internados no hospital de Wuhan, a média de idade era de 55 anos e a maioria dos pacientes era do sexo masculino (68%).
Os principais sintomas eram febre (83%), tosse (82%), falta de ar (31%), dor muscular (11%), confusão (9%), dor de cabeça (8%), dor de garganta (5%), rinorréia (4%), dor no peito (2%), diarréia (2%) e náusea e vômito (1%). De acordo com o exame de imagem, 74 (75%) pacientes apresentaram pneumonia bilateral, 14 (14%) pacientes apresentaram manchas múltiplas e opacidade em vidro fosco e um (1%)
paciente apresentou pneumotórax.
O diagnóstico depende da investigação clínico-epidemiológica e do exame físico. É recomendável que em todos os casos de síndrome gripal sejam questionados: o histórico de viagem para o exterior ou contato próximo com pessoas que tenham viajado para o exterior. Essas informações devem ser registradas no prontuário do paciente para eventual investigação epidemiológica.