Socialista Pedro Sánchez, atual primeiro-ministro do país, foi submetido a votação no Congresso após pactar com separatistas catalães para conseguir maioria na Casa

Quase quatro meses depois de realizar eleições, o Congresso da Espanha aprovou nesta quinta-feira (16) a reeleição do socialista Pedro Sánchez, o atual primeiro-ministro do país.
Com manobras que incluíram um polêmico pacto com separatistas do país, Sánchez conseguiu se manter no cargo apesar de ter ficado em segundo lugar nas últimas eleições, em julho, que ele mesmo havia convocado antecipadamente depois de perder apoio político.
Desta vez, o premiê se aliou a partidos separatistas do país, que têm forte rejeição entre a maioria da população. O pacto, principalmente com a sigla Junts per Catalunya, que defende a independência da região da Catalunha, gerou uma onda de protestos.
Foi graças a essa aliança, no entanto, que ele conseguiu unir maioria no Parlamento para formar governo – na Espanha, uma monarquia parlamentarista, vence as eleições o partido que alcançar o maior número de assentos no Congresso, sozinho ou com alianças.
Na votação desta quinta – o último dia do prazo para que Sánchez tentasse formar governo -, os deputados aprovaram o novo governo do Partido Socialista por 179 votos a favor e 171 contrários. O premiê Sánchez precisava de um mínimo de 176 votos favoráveis para conseguir formar governo.
Ele agora governará seu segundo mandato em aliança com outros seis partidos, entre siglas da esquerda e separatistas da Catalunha e do País Basco.
Logo após o resultado, uma manifestação se formou na porta do Parlamento espanhol, no centro de Madri. Deputados conservadores e do Vox, o partido da extrema direita, deixaram o Congresso e se uniram aos manifestantes, que protestam contra o pacto com os independentistas.
A Espanha realizou eleições gerais em julho – um pleito já antecipado pelo próprio Pedro Sánchez, que em abril dissolveu o Parlamento e convocou a nova votação depois de resultados ruins para seu partido em eleições regionais naquele mês.
Na ocasião, a sigla de Sánchez, o Partido Socialista, perdeu na maior parte dos municípios que governava. Em paralelo, os conservadores do Partido Popular, sigla rival dos socialistas, abocanharam mais governos locais, e o Vox, de extrema direita, avançou em Parlamentos regionais.
Após os resultados, e surpreendendo até o seu partido, Pedro Sánchez anunciou em pronunciamento que convocaria novas eleições gerais, já que, segundo ele, os eleitores mostraram nas urnas insatisfação com seu governo.
No pleito de julho, o Partido Popular, conservador e rival de Sánchez, saiu vitorioso, mas não alcançou uma maioria necessária no Parlamento para formar governo, abrindo caminho para os socialistas, segundo colocados, tentassem formar governo.
Pacto com separatistas
Como alternativa, Sánchez, do Partido Socialista, começou a costurar uma aliança com partidos separatistas – o Junts per Catalunya, da Catalunha, e o Partido Nacional Vasco (PNV), do País Basco. As duas siglas, somadas a outras da esquerda que já apoiam os socialistas, deram a Pedro Sánchez o número de assentos para formar um novo governo.
Para apoiar Sánchez, no entanto, os separatistas catalães fizeram uma série de exigências. A principal delas era que o governo aprovasse a Lei de Anistia, que, se aprovada, absolverá automaticamente políticos catalães condenados por terem realizado um referendo sobre a separação da Catalunha em 2017. A votação havia sido proibida pela Justiça espanhola, mas foi feita mesmo assim na região.
Entre os políticos que serão anistiados está o líder dos separatistas, Carles Puidgemont, que governava a Catalunha à época e chegou a declarar a independência da região após o referendo. Ele se mudou para a Bélgica para evitar a prisão.
Semana passada, Sánchez anunciou que aceitou as exigências dos separatistas, o que gerou uma onda de protestos violentos nas ruas de Madri.
- fonte: G1