Na América Latina, o Brasil é o país mais afetado por doenças mentais, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). São aproximadamente 19 milhões de brasileiros sofrendo com estas condições. Diante disso, neste mês, diversas ações de conscientização são realizadas no país, no denominado Janeiro Branco.
As doenças mentais podem ser causadas por uma série de fatores, como genética, estresse, abuso de substâncias e traumas, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social. Elas independem de classe social, localidade e ocupação.
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Mato Grosso do Sul, Coren-MS, Dr. enfermeiro Leandro Afonso Dias, destacou em entrevista ao Jornal da Hora desta terça-feira (09), que assim como na população comum, os índices de doenças mentais têm crescido entre os enfermeiros. De acordo com ele, nos trabalhadores da área da saúde, a condição pode ser resultado do trabalho.
“Nós temos números cada vez maiores de profissionais sendo acometidos por doenças mentais. Não é diferente de uma sociedade que vem sofrendo cada vez mais com essas questões de saúde mental, e esses profissionais também estão inseridos aí, até por questões da própria função, da profissão, da sobrecarga de trabalho que o profissional vive nos hospitais”, destacou.
Mato Grosso do Sul possui, atualmente, 31.579 profissionais de enfermagem cadastrados no Coren-MS, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, parteiras, e auxiliares em enfermagem.
Uma pesquisa realizada pela Scientific Electronic Library Online destacou que durante a pandemia houve um crescimento de 86% do índice de enfermeiros com quadros clínicos relacionados a doenças mentais. Segundo a pesquisa, o estresse do ambiente de trabalho foi o principal causador do quadro.
O Dr. Leandro Afonso Dias também ressaltou que a Coren-MS vem trabalhando para que os profissionais dentro da instituição possam ser conscientizados a respeito do quadro crítico. Conforme ele, os enfermeiros apresentam dificuldades para realizar o tratamento das doenças por estarem concentrados apenas no cuidado aos pacientes.
“Nós temos propostas para desenvolver ações que buscam a conscientização desses profissionais em buscar o apoio psicológico. A primeira dificuldade que nós encontramos é o profissional aceitar a condição de que sofre de algum tipo de doença mental, porque ele se cobra muito em cuidar do outro, e acaba esquecendo de si. Então nós temos que desenvolver ações de encaminhamento e de acompanhamento, essa é uma das metas da gestão”, concluiu.
Foto: Beatriz Rieger
Texto por Reuel Oliveira