Junto de pais, alunos e professores, os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande estão mobilizados contra o fechamento de escolas estaduais na Capital. Novamente, estudantes da Escola Estadual Professor Carlos Henrique Schrader, no Jardim Flamboyant, estiveram na Casa de Leis, na sessão ordinária desta terça-feira (26), com faixas e cartazes pedindo apoio para que as aulas sejam mantidas no colégio, que tem atualmente 430 matriculados. Na segunda-feira, dia 2 de dezembro, a Câmara sedia Audiência Pública para debater o assunto. Ainda, deve ser formada comissão de vereadores para tentar reverter a decisão de fechar a escola, marcando reunião com o governador Reinaldo Azambuja e também para acionar o Ministério Público Estadual.
Na Tribuna, o vereador Valdir Gomes, presidente da Comissão Permanente de Educação da Câmara, falou da necessidade de um olhar humano para a questão e denunciou que mentiras estão sendo repassadas à comunidade. “Estão jogando esses alunos na Escola Hércules Maymone, onde não tem vaga. Lá não tem vaga suficiente no período da manhã e muitos alunos vão desistir dos estudos. Estão fechando escolas e vão abrir presídios”, criticou.
O vereador alertou que não quer ver repetir os mesmos problemas que ocorreram no fechamento da Escola Riachuelo, no Bairro Cabreúva, onde o prédio está sendo inutilizado, além do estudo noturno na Escola Consuelo Muller, na Vila Jacy, que passou a ser período integral. Com a mudança, a escola que tinha 1200 alunos passou a contar apenas com 200, pois não dispõe de proposta para os alunos, deixando-os sem atividades à tarde. “Ficam só ouvindo funk, não tem proposta de ensino”, denunciou Valdir Gomes. Na prática, portanto, o ensino integral não funciona. O vereador fez críticas a atual secretária Maria Cecília Amendôla da Mota. “Como educador, estou decepcionado. Ela está sendo desumana”, desabafou o vereador Valdir Gomes.
Na última quinta-feira, alunos, pais e professores estiveram na Câmara e nesta terça-feira, novamente, houve mobilização para que a escola continue aberta durante o ano letivo de 2020. Verônica Auxiliadora Costa, mãe de um estudante do 8º ano, defende que o colégio continue funcionando. “Há um envolvimento da comunidade com a escola, com os professores, um trabalho desenvolvido com projetos para motivar os alunos. Isso não pode ser perdido”, disse.
O vereador Betinho, presidente da Comissão de Assistência Social e do Idoso da Câmara, também acrescentou sua preocupação com a decisão de fechar a escola. Na segunda-feira, pela manhã, deve ser realizada Audiência na Casa de Leis para tratar do assunto. “Nos preocupa essa decisão porque além de prejudicar os alunos, a superlotação nas salas pode aumentar, assim como a quantidade de alunos que usam o vale transporte. Não olham o lado social, o lado humano. Estamos pedindo, em nome de quem precisa, que olhem com olhar humano porque podemos pagar um preço alto”, ressaltou.
O vereador Ademir Santana sugeriu que a Comissão de Educação, da qual é membro, compareça até o Ministério Público Estadual para oferecer denúncia contra o fechamento de escolas, cobrando providências para que os direitos dos alunos sejam assegurados. “No começo do ano, conversamos com a secretária para não fecharem as escolas e estamos vendo que isso continua, precisamos ir ao MPE”.
Para o vereador Chiquinho Telles, é preciso que uma comissão de vereadores vá também até o governador Reinaldo Azambuja buscar respostas. O vereador Dr. Wilson Sami também concorda com a formação de comissão para tratar com as autoridades “para mudarmos o rumo dessa história”, afirmou. O vereador Otavio Trad falou sobre as dificuldades financeiras e as medidas necessárias para adotar providências pelo poder público, mas ponderou que, neste caso, se trata de “uma situação diferenciada por envolver educação, crianças, a cultura de uma escola e de uma região”. Ele cobrou a mobilização da classe política contra a decisão errônea e questionou sobre as vagas para que os alunos sejam realocados.
O vereador Delegado Wellington, membro da Comissão de Educação, salientou que não pode ser permitido o fechamento de escolas. “Não é tão simples, só mudar esses alunos para outra escola. Há também uma cultura do entorno da escola. Sugiro que a secretária reveja essa decisão”.
O vereador Dr Livio recordou que a decisão está no Plano Municipal de Educação, aprovado pela Câmara há dez anos, o qual previa a municipalização da educação para que o ensino fundamental fosse do Município e ensino médio do Estado. “O Município não foi capaz de assumir e, 10 anos depois, isso aconteceu na forma desse reordenamento. O Município vai assumir algumas e passar para Estado algumas séries. Entendo a necessidade e argumentação dos estudantes, mas estou trazendo um pouco de fundamentação legal e racionalidade ao debate”, afirmou. O parlamentar, ainda, discordou das críticas feitas à secretária estadual, defendendo que ela é uma referência no País na educação.
A Escola Professor Carlos Henrique Schrader existe há 26 anos e oferece do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Cerca de 40% dos alunos atendidos no local são de comunidades indígenas. Também houve anúncio para fechamento da Escola Estadual Advogado Demosthenes Martins, no Residencial Octavio Pécora.