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Certa vez, estava em busca de uma boa oportunidade para estagiar, cursando Administração de Empresas, e me candidatei a uma vaga em um banco. A função era auxiliar os funcionários no acompanhamento de contratos de financiamento de imóveis. Na prática, era para fazer ligações de cobrança aos devedores. Fiquei frustrado com o trabalho e me sentia subutilizado; queria algo mais desafiador e dinâmico, uma atividade que pudesse desempenhar todo o meu talento que imaginava ter, no auge dos meus 20 anos, com 2 anos de curso superior concluído. Meu engajamento era baixo; apesar de fazer tudo aquilo que era demandado, não tinha vontade de estar lá e não desejava realizar aquela função. Até que ouvi a célebre frase da minha chefe direta: “Você está demitido!” Lá se foi a minha oportunidade.
Essa experiência, um tanto quanto desagradável, somada às outras tantas como consumidor — sendo atendido por um funcionário com as mesmas características demonstradas por mim no meu programa de estágio — me despertou para uma compreensão acerca de um aspecto importantíssimo para a vida financeira: a chamada oportunidade. Mais especificamente, uma pergunta: onde nascem as oportunidades?
Um grupo de pessoas acredita que as oportunidades simplesmente surgem, de alguma maneira, como em um passe de mágica, e a única função do indivíduo é dizer sim. Para essas pessoas, quando ainda não estão onde almejam, sentem-se frustradas e desanimadas com a função simples e operacional que exercem e com o salário que julgam muito baixo. Vemos essas pessoas expressando, através de cada músculo da face, toda a sua insatisfação e pouca vontade em realizar aquele atendimento. Parece que elas estão infelizes e sempre estão à espera de uma oportunidade melhor para, só então, fazer melhor o trabalho que lhes será confiado no futuro.No entanto, ao avaliar a história de pessoas bem-sucedidas e as experiências frustrantes que relatei acima, tenho a tendência a discordar desse grupo e percebo que as oportunidades não nascem ou surgem como um milagre; elas são criadas. Ou, como prefiro dizer, as oportunidades são provocadas. Vejamos alguns exemplos:
Para José do Egito ter a oportunidade de assumir um cargo de liderança, ele precisou se preparar na função que estava realizando, sem muita esperança de que as coisas mudariam algum dia; mesmo assim, fez o seu melhor. A cada etapa, estava um pouco mais preparado para assumir o cargo adiante e assim “ganhar” aquela bela oportunidade. O grande rei Davi não “ganhou” a oportunidade de ser rei quando subiu ao trono de Israel; ele estava criando essa possibilidade desde os primeiros rebanhos de ovelhas sob seus cuidados. Ao enfrentar um inimigo poderoso e não revidar aos ataques e perseguições sofridas, ele estava provocando a oportunidade de se tornar rei.
O fato é que não surgirá alguém em sua porta oferecendo um emprego dos sonhos em uma ilha paradisíaca com pagamento em dólar e cheio de benefícios adicionais; ninguém vai implorar para você assumir o controle de uma grande empresa e ter muito dinheiro e poder pelo simples fato de você desejar muito tudo isso. Se é essa a oportunidade que espera “ganhar”, sinto desapontá-lo: não vai acontecer. Agora, para aqueles que estão fazendo o seu melhor onde estão — com os recursos e ferramentas que possuem; buscando novas formas de atender ao seu cliente com mais eficiência e educação; estudando o seu mercado para entender o comportamento do seu consumidor; sintonizados à realidade da sua empresa e buscando aproveitar melhor os recursos sem desperdício; relacionando-se com seus superiores e colegas com cordialidade, respeito e ética — é muito provável que “ganhem” melhores oportunidades e consequentemente melhores remunerações.
João Victor Faedo – Finanças Pessoais
Empreendedor e especialista em gestão estratégica pela USP. Atua como conselheiro e palestrante na área de finanças pessoais à luz da Bíblia.