Voto feminino será o “fiel da balança” nas eleições municipais deste ano

Campo Grande tem 50,4 mil eleitoras a mais do que eleitores para as eleições deste ano

As mulheres terão um papel decisivo nestas eleições municipais, e quem diz isso são os números. Campo Grande terá 612.487 eleitores aptos a votar no dia 15 de novembro, nas eleições municipais, e há 50.493 mulheres a mais do que homens.

No plano estadual, as mulheres também são maioria, mas em uma proporção menor do que na Capital. São 1.009.531 (52,24%) eleitoras no Estado, e 922.762 (47,75%) eleitores.

Em Campo Grande, 54,12% são eleitoras, e 45,87%, eleitores. As 50 mil mulheres a mais representam um eleitorado expressivo. 

Sozinha, esta diferença seria suficiente para formar o sexto maior colégio eleitoral de Mato Grosso do Sul, só perdendo para a própria Capital, Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã. Mais pessoas aptas a votar do que em 73 municípios do Estado.

Se os candidatos ainda não sabem da diferença de perfil e da motivação do voto feminino, é bom que fiquem atentos. É o que afirma quem lida com pesquisas de opinião há várias décadas. 

Lauredi Sandim, presidente do Instituto de Pesquisa de Mato Grosso do Sul (Ipems), parceiro do Correio do Estado em vários levantamentos, fala das especificidades do voto feminino.

“O voto feminino é um voto qualificado e mais difícil de se conseguir. Nossas pesquisas já mostram isso. Sempre, no início das campanhas, são os homens que se decidem primeiro pelos candidatos. As mulheres decidem mais para frente, no meio do processo eleitoral”, afirma Lauredi Sandim.

E se as mulheres levam mais tempo para escolherem seus candidatos, dificilmente mudam de ideia depois que tomam uma decisão. 

“Elas são mais fiéis, dificilmente mudam o voto. Os homens mudam mais facilmente de opinião em relação a vários temas e a vários candidatos”, analisa.

As preocupações de homens e mulheres também podem ser diferentes. Conforme Sandim, estatisticamente, o gênero feminino dá mais importância a temas como saúde, sobretudo em um ano desafiador para este setor da administração pública, com a pandemia de Covid-19, por exemplo. 

“Se no cotidiano as mulheres se preocupam mais com a saúde delas e dos integrantes da família, ao escolher um candidato, isso não será diferente”.

Superiores em número, elas ainda são minoria entre os representantes e também entre os que se candidatam. 

Nestas eleições, dos 14 candidatos a prefeito em Campo Grande, há somente duas mulheres: Cris Duarte, do PSOL, e a delegada Sidinéia Tobias, do Podemos.  

Na posição de vice-prefeito, porém, as mulheres já são maioria, são nove postulantes: Adriane Lopes (Patri), atual vice-prefeita e candidata à reeleição no cargo com Marcos Trad (PSD); Carla Bernal, vice de Marcelo Miglioli (SD); Dany Duarte (PROS), vice de Paulo Matos (PSC); Eloisa Castro Berro (PT); vice de Pedro Kemp; Juliana Zorzo (MDB), vice de Márcio Fernandes; Kelly Costa (PDT), vice de Dagoberto; Priscila Afonso (Novo), vice de Guto Scarpanti; Lilian Durães, candidata a vice-prefeita pelo PSL; e Vastir Eloi, que integra uma chapa pura feminina com Cris Duarte pelo PSOL.  

A servidora pública Thatiane Velasquez diz que ainda há muito a se avançar, mas ressalta que, no momento atual de afirmação da igualdade de gênero, é importante que as mulheres tenham consciência de sua maioria no eleitorado. 

“Essa diferença tem se acentuado, mostrando a importância de trazer a visão feminina no âmbito político”, afirma. 

  • fonte: Correio do Estado